Tão memorável como a existência da Casa da Música foi a chegada dos skaters ao exterior deste ícone portuense. Na sua grande maioria são adolescentes, aqueles que se movem em cima de quatro rodas entre turistas, espectadores e artistas. Os skaters dão, assim, vida à Casa e um toque juvenil a este espaço cultural.

Em 2009, à conversa com Francisco Pires, na época membro do gabinete de Gestão de Imagem da Casa da Música, o JPN descobriu que, na fase inicial do projeto, já se falava na possível utilização das elevações exteriores por parte dos skaters.

O ponto de encontro é o mesmo de sempre, à hora do costume (entre as 14h e as 15h): basta haver sol e tempo livre para que os jovens desfrutem das “rampas” da Casa da Música. Quem os vê através das janelas já está habituado ao seu rebuliço. Francisca Campelo, estagiária na instituição, vai mais longe, ao afirmar que “são um bom entretenimento enquanto se trabalha”. Já José Orlando Rodrigues, produtor na Casa da Música, diz que “nunca incomodou e, claramente, é já naturalíssimo, dez anos depois”.

E porque nem só os emblemáticos concertos deste espaço cultural têm público, dentro ou fora do edifício são muitos os que param para observar estas manobras. “Já dei por mim, mais do que uma vez, a admirar as manobras que fazem e que a mim me parecem espantosas”, conta Cristina Guimarães, produtora executiva do Coro Casa da Música. “Há estrangeiros que nos tiram fotos e que nos vêm pedir para gravar coisas, principalmente na rampa da frente”, conta Daniel Teixeira, skater.

Em 2012, a Câmara do Porto construiu um skate park em Ramalde, mas os jovens continuam a fazer da Casa da Música o seu spot de eleição. “Não tem as medidas corretas, nem o espaço. E mesmo o ambiente onde está inserido, entre dois bairros, não é o mais apropriado”, critica Daniel.

Quando se fala na Casa da Música fala-se também de skaters e, por isso, o deslizar das rodas e o som da tábua no chão não são vistos como um ruído. Com presença assídua, os jovens são já parte da Casa.

“A Casa da Música em si é um símbolo, mas nós servimos para dar outro ar. Acho que se não fossem os skaters, a Casa da Música seria vista só como um espaço para intelectuais e pessoas idosas que gostam de ouvir jazz. Nós damos um toque pessoal, mais divertido à Casa”, acredita Daniel.