O Cineclube do Porto celebra esta segunda-feira 70 anos de existência, no mesmo mês em que se assinalam cinco anos sobre a entrada da atual direção. O Presidente do Cineclube, José António Cunha, em entrevista ao JPN, falou do papel do cineclube, do significado dos 70 anos: “É um período muito longo, durante o qual o próprio cineclube teve um trabalho em alguns momentos muito relevante, como momentos também não tão importantes. O cineclube tem de facto na sua história momentos muito importantes, nos quais deu o seu contributo para a evolução e o desenvolvimento do cinema português como um todo.”
Quanto a mudanças e a projectos futuros, o presidente acrescenta ainda que “o cineclube tem sofrido uma série de mudanças internas, que procuram que a estrutura se organize de uma forma mais profissional, esteja mais atenta a alguns detalhes de organização interna”. “Para além da programação, do ponto de vista da estrutura, que o trabalho de equipa seja mais priveligiado em detrimento de uma visão mais centralista das coisas ou mais individualista do trabalho. A nossa grande preocupação tem a ver com a criação de um grupo que dê continuidade ao nosso trabalho, sem grandes ruturas”, explica.
Depois da morte de Manoel de Oliveira, é pertinente questionarmo-nos acerca do “estado de saúde” do cinema em Portugal. O crítico de cinema Rui Tendinha, em declarações ao JPN, comentou a situação atual do cinema português. “Vivemos uma situação bem complicada, no sentido em que neste momento há uma grande fuga de espectadores. Acho que as pessoas não querem levar o cinema a sério. Tem que haver uma consciencialização, para que se mobilize uma nova geração. No ano em que perdemos o grande mestre Manoel de Oliveira, fica no ar essa questão: ‘porque é que muita gente não conhece pelo menos um fotograma da obra dele’.”
No que concerne a soluções, Rui Tendinha propõe: “É uma questão de educação desde as escolas, porque não o cinema passar a fazer parte dos programas, sobretudo na vertente de letras. Vamos começar a fazer como em França, em que o público está uma hora e meia em frente ao ecrã ao serviço de uma obra artística e não uma obra para passar o tempo”.