André Tavares, antigo estudante e atual docente convidado da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), conquistou a 10.ª edição do Prémio Fernando Távora. A proposta de viagem “Ruínas, ou o Livro de Arquitetura” valeu ao arquiteto esta distinção, no valor de seis mil euros. O arquiteto português vai assim realizar uma viagem a quatro cidades europeias, com a duração de um mês.

A proposta vencedora, escolhida por unanimidade por parte do júri presidido pelo escritor Valter Hugo Mãe, propõe uma viagem por Roma, Vicenza, Paris e Londres e os seus respetivos centros arquitetónicos. O percurso, realizado por edifícios e edições originais de livros, tem como objetivo sintetizar a cultura arquitetónica europeia. Para o júri do prémio, a proposta distinguiu-se pela sua originalidade.

Confrontar e entender o conhecimento arquitetónico

Licenciado e doutorado em Arquitetura pela FAUP, André Tavares pretende, com esta viagem, “visitar livros e edifícios da cultura clássica e também da cultura moderna”. Em declarações ao JPN, o docente afirma que a viagem que irá realizar lhe “oferece a oportunidade de confrontar e entender, a partir dos edifícios e dos livros, o conhecimento arquitetónico”.

Para o mesmo, o mais importante acaba por ser a “possibilidade de contacto com os livros e obras”. Nomeadamente em relação às obras literárias, o arquiteto poderá consultar várias edições originais de publicações arquitetónicas, estas que “transportam as ideias e o conhecimento que se materializa nos edifícios”.

Prémio Fernando Távora

O resultado da viagem será apresentado numa conferência na Câmara de Matosinhos (CMM), a 5 de outubro, Dia Mundial da Arquitetura. É também a data em que se realiza a entrega da 11.ª edição do prémio.

O Prémio Fernando Távora é uma distinção anual destinada a profissionais membros da Ordem dos Arquitetos. É organizado pela Secção Regional do Norte, pela Câmara Municipal de Matosinhos e pela Casa da Arquitetura.

O docente afirma que uma viagem é sempre “um mundo de descobertas”, onde somos “confrontados com questões que nunca imaginámos”. Com esta exploração europeia, Tavares espera descobrir aspetos que ainda desconhece. Sempre observou o mundo arquitetónico através dos livros, tendo sido vendedor de livros antigos no passado. Contudo, essas edições chegavam-lhe em formato digital, perdendo diversos fatores essenciais, tais como as “qualidades físicas, como o papel e os cheiros”.

A arquitetura sempre se revelou, para o docente, através de imagens e descrições. Por tudo isto, André Tavares espera ser surpreendido durante a viagem com o “facto físico do edifício arquitetónico”, como também com a “materialidade concreta dos livros históricos”.

“São precisos prémios para incentivar os mais jovens”

Ao ser proclamado vencedor do Prémio Fernando Távora, André Tavares expressou o seu imenso contentamento, principalmente pela “consideração demonstrada pela obra” e pelo “privilégio de conhecer personalidades únicas” na entrega do mesmo. Contudo, o maior retorno foi a “possibilidade que existe de fazer uma viagem que, de outro modo, não seria feita”.

O arquiteto considera ainda que estes prémios são uma forma de incentivar os “mais jovens e mais velhos”: “Acho que os prémios são uma forma de incentivo a fazer algo que de outra forma não faríamos”. No seu caso específico, André explica que este prémio veio trazer-lhe “energia redobrada” e que o fez continuar com mais ânimo.

O docente é da opinião de que “são precisos prémios para incentivar os mais jovens”. Contudo, o mais importante, segundo o profissional da FAUP, é que “nunca deixemos de ser jovens”. Para terminar, André Tavares afirma que o mais importante é “encarar a vida com esperança e entusiasmo”.