Com os trocos contados nas saídas à noite, há que conhecer os melhores sítios para se beber a preços acessíveis. Luís Peixoto tem 20 anos, é estudante de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e desde cedo foi criando uma “rota” que o impedisse de “estourar o orçamento” sempre que se quisesse divertir com os amigos.

Com veia de empreendedor, rapidamente percebeu que era possível “juntar o útil ao agradável” e tornar noites bem passadas numa oportunidade de negócio. A ideia ganhou vida em março, chama-se 090 Pub Crawl e quer proporcionar aos turistas – e não só – uma “verdadeira noite à portuguesa”, “em que o preço do álcool seja a menor das preocupações” de quem sai para se divertir.

Porquê 090?

“Houve dois fatores que me levaram a escolher este nome”, conta Luís. “Primeiro, sempre fiz desportos de competição e isso implicava sempre um número de atleta, normalmente de três dígitos. Como queria tentar dar qualquer coisa de pessoal ao nome e juntar algo que fosse fácil de relacionar com o Porto… 090. É que depois, a forma como o nosso logo é feito, associa-o à sigla ‘OPO’, que é a primeira coisa que os turistas veem quando vêm para cá, nos bilhetes de avião”.

Por apenas 10 euros, cada pessoa tem direito a quatro bebidas (uma em cada sítio) e a entrada na discoteca, já no final da noite. Também tudo o resto é a preços low cost (como shots a 0,50 cêntimos), conforme previamente combinado com os locais que compõem o roteiro.

Para além disso, “se alinharem nos jogos ao longo do percurso (que dura cerca de três horas), ainda há a possibilidade de ganharem mais bebidas de borla”, explica Luís, já que o principal objetivo também passa por conviver: “Queremos que se conheçam entre eles, que interajam, que se divirtam, que aproveitem tudo. Somos todos jovens, temos o mesmo espírito que eles e sabemos o que eles procuram”, garante.

Afinal, a ideia nasceu precisamente quando, no interrail do verão passado, Luís, o gémeo Pedro e o amigo Henrique (que hoje também compõem a equipa), se depararam com o conceito nas várias cidades por onde passaram. “Também não tínhamos grande ideia do que era, nunca tínhamos ouvido falar antes de irmos”, conta Luís – mas renderam-se rapidamente à ideia.

Viver “o verdadeiro espírito do Porto”

De volta ao Porto, quis adaptar a o serviço a um conceito mais familiar, já que o pub crawl está geralmente associado a hostels ou a empresa turísticas (no Porto há ainda a Pancho Tours, a Porto Tours e a Porto Walkers, por exemplo). João Pestana juntou-se depois à equipa, Luís estabeleceu as parcerias e uns flyers distribuídos na baixa bastaram para atrair o primeiro grupo.

Desde então, em pouco menos de um mês, foram poucos os fins-de-semana que ficaram por ocupar (para já, acontece apenas às quintas, sextas e sábados). “O pessoal adora”, garante Luís. “Estão habituados aos sítios mais turísticos com preços ridiculamente altos e conseguem uma noite quase de graça, tendo em conta o que conseguem beber”, explica.

Mas o preço não é o único ponto a favor: “[Os jovens turistas] também gostam, essencialmente, do facto dos bares terem o verdadeiro espírito do Porto, em que o pessoal que está a servir te trata bem e o pessoal que está ao balcão a beber contigo facilmente mete conversa”, conta.

Passar a palavra lá fora

Apesar de ainda estar a crescer, o 090 Pub Crawl já começa a dar que falar lá fora. Em breve, fará parte da lista de recomendações do Daytrippn, o projeto de uma dupla americana – a ser lançado a 5 de maio – que quer “mostrar o que de melhor Portugal tem para oferecer”, criando no mesmo espaço a possibilidade de pesquisar, comparar e reservar atividades. O objetivo, é comum: “Queremos que os viajantes deixem Portugal sabendo que experimentaram o país como um português”, dizem.

Depois, há a questão da garantia de segurança num país estrangeiro: “A partir do momento em que começa o pub crawl, somos completamente responsáveis por eles. Não têm de se preocupar com nada, porque estamos lá para tratar de problemas que podem surgir”, explica João – até das bebedeiras. “Tentamos evitar sempre que a situação se descontrole, há que ser consciente, mas, caso aconteça, fazemos exatamente o que um amigo faria”, garante Luís.

O domínio de quatro línguas (inglês, francês, espanhol e alemão), o facto de serem “amigos desde os tempos de liceu” e pessoas de “relação fácil”, como conta João, também facilita a tarefa. Mesmo na altura de gerir horários de quatro estudantes universitários: “Acaba por nos roubar muito tempo ao estudo”, admite Luís, “mas tentamos, entre todos, conciliar o melhor possível”.

O próximo passo, contam, passa por divulgar o conceito e chegar ao verão, em que o fluxo de turistas é maior, com as “arestas limadas”. Mas apesar do público alvo ser maioritariamente estrangeiro, a equipa quer mostrar a verdadeira noite do Porto a quem esteja disposto a aderir: “A diferença entre portugueses e estrangeiros é os estrangeiros conhecem o conceito, mas tendo em conta os preços que oferecemos, compensa a qualquer pessoa vir conhecer a noite do Porto connosco”, desafiam.