“Olá Porto! Demorou chegarmos aqui hoje. Não temos as luzes que queríamos hoje no palco, mas estamos aqui. A noite é nossa. Façam barulho!”. Estas foram as palavras de Dengaz, rapper de Cascais, ao iniciar o primeiro concerto da noite desta segunda-feira na Queima das Fitas do Porto. As barracas do recinto estavam muito pouco movimentadas. Os rostos eram impacientes naquela que foi a terceira noite do evento, e cheia de imprevistos devido às más condições climatéricas.
As fortes rajadas de vento, existentes durante toda a tarde, fizeram estragos por toda a cidade Invicta. Houve, inclusive, trânsito cortado devido à queda de árvores nas estradas, como aconteceu na rotunda da Boavista. “Vendo bilhetes da Queima para hoje”, ia-se lendo nas publicações de vários jovens, durante todo o avançar do dia, nas redes sociais. Perdia-se a esperança em mais uma noite na habitual festa académica.
A Federação Académica do Porto (FAP) viria, depois, em comunicado, informar que o serão estava em causa, devido às ocorrências meteorológicas, e que juntamente com as entidades municipais competentes iria averiguar as condições para a abertura de portas do Queimódromo.
Os céus acalmaram-se e o recinto perto do Parque da Cidade abriu, desta vez, só às 23h. A organização confirmou, em cima da hora, a continuidade do evento e avançava com outra notícia: “O voo que estabelecia a ligação entre Barcelona e Porto e onde viajaria o artista Anthony B foi cancelado. Em substituição atuará o artista Mastiksoul”.
Público reivindica esclarecimentos da FAP
“Quero o meu dinheiro de volta”, “Anunciaram a abertura das portas na hora da abertura!” ou “Gosto dessa do ‘legalmente estabelecido’. O que é que isso quer mesmo dizer? Tenho bilhete e não vou. Tenho direito a restituição do preço do bilhete ou não?“. Muitas foram os comentários online do público ao comunicado tardio da FAP acerca dos atrasos dos concertos. A organização fez um primeiro comunicado, às 21h no Facebook, a informar que não haviam certezas quanto à abertura do recinto, e que, caso o mesmo abrisse, seria só às 23h. Hora essa a que é feito o segundo comunicado, o que deixou o público descontente e com dúvidas por esclarecer.
O tempo ia avançando e junto ao palco principal poucas eram as pessoas que se aglomeravam. As horas passavam. Depois das 01h30 começou a atuar Dengaz com a sua banda, e logo o público se animou mais. Uns ostentavam mensagens para o artista, outros levantavam os braços e dançavam ao ritmo da música. “Somos poucos mas bons. Estes atrasos da organização são chatos, mas não podia deixar de vir”, afirmou ao JPN Carlos Pinto, de 27 anos, após o concerto.
Cerca de duas horas depois começava o artista seguinte. Os ritmos dançáveis do DJ português Mastiksoul depressa contagiaram o público, com pulos e sorrisos explícitos. “Estou a gostar, mas se não viesse com amigos, não sei se vinha. Isto não se faz, avisarem tarde as pessoas. Isto devia ser melhor organizado. Vim só mesmo pelo espírito”, confidenciou Clara Rodrigues, de 22 anos.
Fonte da TaxisInvicta informou, ao JPN, que esta noite “nem pareceu uma noite de Queima habitual. Houve muito menos chamadas de táxis do que o comum neste tipo de eventos”. Comprova-se assim o pouco público presente na noite, comparativamente a outras no Queimódromo. Relativamente às pessoas que não foram ao concerto pelo cancelamento da atuação de Anthony B, a FAP comunicou que “anunciará oportunamente o procedimento para restituição do preço dos bilhetes”.