Os bilhetes esgotaram muitos antes das portas abrirem mas a correria aos últimos lugares para ver Anselmo Ralph no palco principal da Queima das Fitas do Porto continuou até aos últimos minutos antes do concerto. Já as portas abriram muito antes do que o normal mas não foi medida suficiente para conter o fluxo anormal de pessoas que acorreu ao Queimódromo esta quarta-feira.

B4 Los Compadres inauguraram o recinto à procura do verdadeiro amor e mostraram que não há espaço para duvidar: a dupla,  de palco cheio, deu um espetáculo á altura. O que poderia ter sido apenas o aquecimento de uma multidão em expectativa para o verdadeiro “Dono da Noite”, Anselmo Ralph, foi um espetáculo completo que não defraudou.

“O que sentimos por vocês, aqui do Porto, é muito profundo. Obrigada a todos por terem vindo, são os maiores”, afirmaram B4 Los Compadres num elogio às várias centenas de pessoas que rodearam o palco principal do evento para receber, pouco depois, o músico angolano.

Anselmo começou com calma mas rapidamente deu a entender que não estava ali para brincadeiras: pirotecnia, efeitos especiais e um grupo de bailarinos à altura compuseram um espetáculo “no ponto”, onde “Única Mulher” foi, nas palavras do cantor, “a música do momento”. Em resposta, um público com muita vontade de abanar a anca: “Nós podemos até vender muitos cds, mas se não sentirmos esse calor do público, vai-nos faltar sempre alguma coisa”, disse depois o cantor. “O espetáculo é mais feito pelo público do que pelo artista”.

“Não me Toca” também faz parte do repertório mas de certo não voltará, de facto, a tocar mais. “Este é o último verão que toco esta música”, garantiu o vocalista. “Desde 2011 que levo com essa música e já nem eu posso com ela”, brincou.

As filas prolongaram-se durante toda a noite e a entrada no recinto não foi fácil. Valeu aos mais ousados o furar entre os mais distraídos e aos mais perspicazes descobrir novas formas de chegar ao destino. Fórmulas que vão usando no dia-a-dia e que na queima aperfeiçoam para situações de todos os dias.

Mais uma prova de que, quem quer, aposta: “Hoje quase que a malta mais jovem sente pouca necessidade de estudar porque se estuda e vai-se trabalhar na mesma num ‘drive-through‘. Mas estudar não serve somente para sermos alguém ou para sermos doutores ou engenheiros. Eu sou licenciado em contabilidade e sou músico. Estudar é para nós, é um exercício para o nosso cérebro e é muito importante”, garantiu.

Vídeo de Mel Aguiar