Não é inédito. A área do direito sempre esteve um pouco anexa a alguns poetas. Veja-se o poeta brasileiro Manoel de Barros, ou Vasco Graça Moura, ambos advogados. André Lamas Leite é mais um desses escritores que gosta de sair do código penal para poder entrar na liberdade das palavras. Assume-o nesta entrevista cedida ao JPN, em que também esmiuça a sua visão atual do país, da educação e da cultura. Na voz do poeta e professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP), podemos ouvir também algumas motivações dos seus versos e a antecipação do livro “Orgânico”, uma antologia de poesia com poemas de cinco poetas, em que a totalidade das receitas reverterá para uma associação de solidariedade social. A obra será apresentada no dia 23 de maio às 21h30, na biblioteca municipal Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis.

O que é que sente que a poesia lhe ensinou mais durante todo o seu percurso literário, desde que publicou o seu primeiro livro (“Breviário”) em 2007?

 

Neste seu novo livro, “deus e outras coisas menores“, qual seria a sinopse que André Lamas Leite colocaria na contracapa, em vez do excerto do prefácio do escritor Mário Cláudio?

 

"Escrevo por um egoísmo enorme e por achar que esse meu egoísmo pode ser útil a alguém"

“Escrevo por um egoísmo enorme e por achar que esse meu egoísmo pode ser útil a alguém”

Há um trecho num dos poemas (“cidade de deus”) deste novo livro onde se lê “noé já tem a arca atracada/ no porto e já liquidou/ os direitos aduaneiros/ pois se ao senhor/ nada é impossível, / às finanças também não”. Enuncia-se aqui um retrato de uma sociedade que encara a economia como uma espécie de religião?

Num verso deste seu livro também diz que “não se explica o bem”. Só escreve para denunciar o mal?

Está previsto o lançamento do livro “Orgânico”, com poemas a sua autoria e de mais 4 poetas, e cujo lucro reverterá para uma associação de solidariedade social. Fale-nos desse projeto.

 

"Os alunos querem cada vez menos participar nas aulas. E isso reflete-se em quererem participar menos na sociedade"

“Os alunos querem participar cada vez menos nas aulas. E isso reflete-se em quererem participar menos na sociedade”

Sendo professor universitário e estando igualmente envolvido no mundo das artes, acredita que alunos com quem lida todos os dias cultivam um sentido crítico e criativo em relação às coisas, ou pelo contrário, limitam-se maioritariamente à teorização e formatação dos conteúdos aprendidos?