O que é a Internet? Como a explicaríamos a alguém que estivesse em coma desde os anos 80 e acordasse agora? “A Internet foi uma solução que encontrámos para comunicarmos todos entre todos, de forma ultra-democrática, em que todos somos ouvidos e à velocidade da luz”, responde o professor universitário e especialista em questões ligadas à Internet, Diogo Gomes.
Criada no âmbito militar em plena Guerra Fria, a Internet como hoje a conhecemos só ficou disponível para toda a população nos anos 90, e foi a partir daí que se expandiu de forma explosiva até aos dias de hoje.
Esta rede de troca de informações trouxe inúmeras vantagens, mas também arrastou consigo alguns perigos. Nesse sentido, Diogo Gomes chama a atenção para várias preocupações ligadas com a privacidade.
O professor universitário deixou ainda, ao JPN, algumas previsões sobre o futuro da rede, apostando que esta irá possibilitar às pessoas interagirem não só entre elas, mas também entre “as várias coisas” e objetos do quotidiano.
Ainda sobre a atual importância da Internet para a esfera social, o JPN falou também com o engenheiro informático Joaquim Pinto, que afirma que a qualidade de informação virtual “não fica abaixo da informação disponibilizada pelos jornais ou outros meios”.
“Na Internet, todos sabemos que a informação que lá consta não é de fiar a 100%. O internauta aprende a pesquisar, é cada vez mais exigente, recolhe cada vez mais informação e assegura-se da sua validade”, garante o engenheiro, que crê em três principais funções vitais online: a informação democratizada, a comunicação ubíqua e o serviços cada vez mais crescentes”, acrescentando que, se não fosse a Internet, “hoje ainda tínhamos muitas tarefas maçadoras no quotidiano”.
Rede necessita de democratização vincada e diárias prevenções na sua utilização
Contudo, o engenheiro é categórico quanto aos malefícios da web: “Nos anos 80 e 90, os cafés fechavam à meia-noite e o dono precisava de pôr os clientes fora. Hoje, os cafés fecham às 22 horas e, muitas vezes, às 21 horas já estão às moscas. Acomodar o homem com a Internet tornou-o mais associal”.
Alguns conselhos
Segundo a blogger profissional Aseem Kishore, formada em Matemática e Ciências de Computação pela Universidade de Emory, em Atlanta (EUA), alguns dos principais conselhos para a prevenção de fugas de informação na Internet passam por instalar sempre anti-vírus, como o Avira ou Bitdefender; atualizar constantemente softwares do computador; instalar só software de confiança; apagar emails de remetentes desconhecidos; proteger bem o sistema wireless utilizado, porque existem cada vez mais novas formas de piratear o seu acesso; usar palavras-passe o menos óbvias possíveis; e estar atento às publicidades de sites como os pornográficos, pois segundo a autora, “são os que têm a publicidade mais passível à entrada de vírus”.
E os utilizadores, como se devem proteger melhor na Internet? Para responder a esta pergunta, Joaquim Pinto esboça um conselho subtil, ao citar um excerto da canção “Age of Information”, de Nicholas Currie: “A reputação dependia antes do que ocultávamos. Hoje depende do que revelamos”.
Em termos mais técnicos, o engenheiro acredita que deve haver uma prevenção em todo o software alavancado na Internet: “O melhor navegador é o Firefox. Avisa-nos sempre quando acedemos a sites fraudulentos não credíveis”, sustenta.
Numa perspetiva de segurança mais externa aos próprios computadores, isto é, à relação entre instituições e Internet, Joaquim Pinto acredita que, em muitos países, o Governo, reconhecendo o irrefutável poder do mundo virtual, pretende “dominar a Internet, dominar a televisão, dominar os jornais”.
“Isto potenciará, a meu ver, um crescimento de mais Governos totalitários – veja-se a China – ou com vontade de o ser. Um Governo que tem a preocupação de que se faça justiça não é um Governo totalitário, é um Governo justo. Poderemos vir, um dia, a não ter acesso a água potável, mas à Internet acho que teremos sempre”, remata.