A Associação Cultural Óletras assume, na sua página do Facebook, que tem como objetivo “promover a educação cultural da língua portuguesa junto da população, nomeadamente da juventude e países Lusófonos”. Mas, desta vez, apela a uma causa diferente: organiza uma campanha contra a violência doméstica e infantil, marcada para as 15h de dia 31 de maio, em frente à Câmara do Porto.
E a família?
A fundadora da Óletras considera que “o conceito de família acabou”. “As pessoas estão ali em família ou juntos com amigos e, simplesmente, não estão a conviver. Estão ali, mas a mexer no telemóvel. A tecnologia impede agora que as pessoas convivam umas com as outras”. Para além de combater a violência entre os casais, é importante ter atenção aos mais novos e “agarrar esta geração”.
Maria Deserto, fundadora da Óletras, explica que é importante alargar a vertente da solidariedade “por tudo o que tem acontecido em Portugal”. “Quando acontece uma tragédia há tempo para tudo. É importante que todos contribuam com estas boas ações”, adianta ao JPN, salientando que é importante “prevenir e alertar antes que as tragédias aconteçam”.
Para além de cartazes, a manifestação vai contar com lenços “para as pessoas porem ao peito ou na cabeça; para se fazer uma campanha”.
Jogo de futebol foi despertamento
Maria Deserto explica a urgência e necessidade de realizar estas mesmas campanhas por estar “preocupada com o futuro do país”. “A violência doméstica e infantil está a atingir proporções muito grandes e alguém tem de fazer alguma coisa. Daqui a uns anos não se sabe onde é que isto está”, considera.
A preocupação tornou-se em perplexidade quando Maria Deserto observou a situação que decorreu depois do jogo em que o clube de futebol Sport Lisboa e Benfica foi considerado bicampeão a nível nacional, após o embate contra a equipa do Vitória de Guimarães. “A maior parte dos que estavam lá, nos confrontos, eram jovens. Vão ser estes os homens de amanhã?”, questiona.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna do ano passado, tanto a violência doméstica como a delinquência juvenil aumentaram em comparação com 2013. Em 2014 foram registados mais 31 casos de violência doméstica contra cônjuge ou parceiro. Os casos de delinquência juvenil registaram mais 453 participações.