Foi ao português Manel Cruz que coube abrir as hostes do terceiro e último dia do NOS Primavera Sound. Já bem conhecido do público português, pelo menos, levou os festivaleiros numa viagem por alguns dos êxitos dos vários projetos que compuseram a sua carreira musical.
Depois, escolha difícil: quase ao mesmo tempo, Baxter Dury tomava conta do palco NOS e The Thurston Moore Band dava espetáculo no ATP.
Mas verdadeiramente inesquecível foi o que veio a seguir: Foxygen deram um espetáculo enérgico – e isto é dizer pouco – com Sam France a dominar o palco, a entregar-se de braços abertos ao público ou a cantar a plenos pulmões sem nunca parar de dançar de forma quase esquizofrénica. A alavancar a performance, as três coordenadas dançarinas que são também impecáveis vocalistas e parecem ter pilhas de duração ilimitada. Anunciam a última música mas estão longe de acabar – e ninguém quer que termine. Mesmo que a seguir seja Damien Rice e o queiramos muito ver de volta aos palcos.
Mas lá chega a vez do cantor irlandês e, em pouco tempo, esquecemos o resto. Em pouco mais de uma hora de concerto, não temos olhos – nem ouvidos – para mais ninguém. Damien está sozinho em palco mas, na verdade, não precisa de companhia. Um verdadeiro “one-man-show” que encantou uma colina lotada e apaixonou os casais que aqui e acolá aproveitavam o momento mais romântico da noite.
Mas o amor não se ficava por aqui e rapidamente os Death For a Cutie nos roubavam o coração – e a alma – no Palco Super Bock, enquanto os corpos, a cheirar a verão, não resistiam a chegar-se mais perto. A banda americana deu um concerto delícia para os que já sabiam as letras de cor e cativaram os curiosos sem precisar falar muito, à maneira de Ben.
Depois, o shoegaze de Ride que já não é novo em Portugal, onde o grupo já tem um composto grupo de fãs. E foram esses que permaneceram pacientes e embuídos de um espírito quase possuído a ouvir a banda britânica, 19 anos depois, enquanto muitos foram gradualmente abandonado o palco principal para outras atrações e outros palcos.
Voltaram a rumar ao NOS pouco depois, quando Underworld se preparava para reproduzir um dos álbuns dos 90, dubnobasswithmyheadman. O mote estava lançado, a pista aberta e a festa fez-se noite dentro naquela que foi a última noite de um festival que nos deixou de barriga cheia de diversidade.
Mas a diversidade não se ficou só pela música: foram estilos de público, dos bebés aos cinquentões, e cerca de 40 nacionalidades diferentes. Ao todo, 77 mil pessoas que se uniram num evento e que fizeram desta a edição mais concorrida do NOS Primavera Sound desde 2012. Para quem não foi desta ou já só pensa em repetir, está garantido: em 2016, está de volta a 9, 10 e 11 de junho.