O dia 22 de setembro foi, como tinha sido noticiado anteriormente, dia de greve para muitos professores e investigadores, que responderam positivamente ao apelo realizado pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup).

Em conferência no Instituto Superior de Engenharia do Porto, estiveram presentes docentes, investigadores, mas também representantes partidários para debaterem o estado, não só da profissão de docente, mas também do próprio Ensino Superior e da Ciência.

Para os professores, um dos problemas principais é a falta de financiamento. Joaquim Sande Silva, docente do Instituto Politécnico de Coimbra e membro da direção do SNESup, evidencia que “é preciso lutar contra a precariedade, as insuficiências e incumprimentos”.

Já Alexandre Quintanilha referiu que o financiamento para a Ciência proveniente da Europa não colmata totalmente os problemas e as necessidades existentes, confessando uma certa apreensão em relação ao futuro do Ensino Superior e da Ciência. Jorge Morais, da Universidade Aberta, também concorda que o financiamento fica “muito aquém do que podíamos esperar”, declarando que estes últimos quatro anos de governação não se podem repetir: “Não podemos ter mais quatro anos como estes”.

“Não há números”

Questionado sobre os números de adesão à greve, António Vicente, presidente da direção SNESup, afirmou que “não há números nem vão existir”, realçando que esta “iniciativa simbólica pretendeu chamar a atenção para os problemas do Ensino Superior e da Ciência”, considerando que os objetivos foram alcançados.

Miguel Morgado, da coligação Portugal à Frente, foi o único a defender o trabalho que tem sido realizado nestes últimos anos, divulgando a criação de Centros de Excelência com investigação aplicada para Universidades com territórios de baixa densidade, como é o caso das universidades situadas nas regiões do Interior.

Preocupação pelas condições de trabalho

Em declarações ao JPN, Liliana Lopes, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, demonstra a sua preocupação preocupação em relação às condições de trabalho.

As declarações dos representantes partidários de Esquerda seguiram um sentido semelhante. Diana Ferreira, da CDU, alertou para o facto de o Estado ter a obrigação de “garantir que todos os jovens podem aceder ao Ensino Superior e tenham uma escola pública que seja gratuita, de qualidade e que seja para todos”. Segundo a mesma, o Ensino Superior “não é um luxo, é um direito”, considerando este e a Ciência “alavancas fundamentais para o desenvolvimento do país”.

José Soeiro, do Bloco de Esquerda, falou da precariedade do corpo docente e do trabalho científico, defendendo a introdução de uma rotura no modo de governação “se queremos salvar o Ensino Superior”.

Gonçalo Velho, vice-presidente da direção do SNESup, revelou revelou ao JPN os objetivos da convocatória do Sindicato, divulgando as dificuldades porque passam professores e alunos.