Com apenas 20 anos, João Moniz conta já com várias internacionalizações feitas pelas camadas jovens, tendo a última sido no passado verão, onde representou Portugal no Mundial sub-21 que decorreu no Brasil.

João partilhou nas redes socias “Foi com uma enorme alegria que recebi esta notícia! É um orgulho pertencer a este grupo e poder ajudar rumo ao objectivo”. Desta vez, faz parte dos dezoito eleitos pelo selecionador Rolando Freitas para tentar a qualificação no grupo quatro para o playoff que dará acesso ao Mundial 2017. Jogará frente à Estónia, Geórgia e Israel dias 5, 6 e 7 de novembro.

O jovem guarda-redes da Associação Atlética de Águas Santas é estudante da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) e explica ao JPN como é conciliar os estudos com o desporto.

Há quanto tempo jogas?

Jogo há dez anos, comecei com essa idade a jogar andebol no Belenenses. Jogava futebol, mas fui convidado a ir experimentar outro desporto e um senhor disse-me que devia experimentar ir jogar andebol. Foi o melhor que me podia ter acontecido!

Como foi a sensação pertenceres pela primeira vez aos dezoito convocados para a Seleção A?

Foi uma sensação fantástica, estou agora a entrar num grupo de jogadores pelos quais tenho bastante respeito. Muitos deles eu ainda não jogava e já os via na televisão e agora faço parte desse grupo! Estou a cumprir este ano a minha primeira época mesmo com idade de sénior e não estava a espera de ser já convocado. É claro que trabalho para isso acontecer, mas principalmente na minha posição a idade tem algum peso e fiquei muito feliz por esta oportunidade.

Como conseguiste alcançar isso?

Desde os quinze anos que tenho feito o percurso das seleções jovens. No início não era muito utilizado mas, pouco a pouco, fui ganhando o meu espaço e acabei por conseguir cimentar o meu lugar. Normalmente quando se chega à idade de sénior é a altura mais complicada de entrar porque a margem de idade é muito grande. No entanto, acho que, acima de tudo, esta convocatória acontece também como um prémio do meu bom desempenho no mundial de sub-21, que aconteceu no último verão no Brasil, e também para mostrarem que contam comigo.

O que é para ti essencial para conseguir atingir o patamar que acabaste de atingir?

Na minha opinião é um conjugar de vários fatores. O mais importante é ,sem dúvida, o trabalho. Quando se entra nesta rotina tão novo há muitas coisas que temos que deixar de fazer porque não temos tanto tempo. Se calhar não saio tantas vezes com os meus amigos, ou não tenho tempo para fazer viagens com eles, mas foi opção minha e não me arrependo em nada. Dentro deste fator do trabalho é também importante não ter medo de arriscar, eu com dezoito anos mudei de cidade sozinho e acho que isso me ajudou bastante a crescer, não só no andebol mas como pessoa. Por último, é preciso também uma pontinha de sorte, mas eu acredito que essa sorte também só aparece para quem está preparado para a agarrar. No meu caso, a sorte que tive foi que com dezasseis anos no Belenenses era juvenil e os guarda-redes dos seniores lesionaram-se, e com isso o treinador João Florêncio, que apostava bastante em mim, pediu a minha dupla subida de escalão e comecei logo a jogar pelos seniores.

Quantas horas de treino diárias tens? Costumas fazer algum tipo de treino extra para além daquele que te é exigido?

No Águas Santas treinamos duas horas todos os dias, mais trabalho que é feito por fora com o fisioterapeuta ou no ginásio. Em estágio da seleção, como estamos em concentração, fazemos treinos bi-diários de duas horas também.

Talento vs Trabalho. Para ti qual deles ganha?

Sem dúvida, ganha o trabalho. Quanto mais trabalhares melhor vais ser. Existe inúmeros casos de jogadores que nunca tiveram muito talento mas que com muito trabalho conseguiram fazer carreiras longas e com sucesso. E, por outro lado, existem tantos casos de jogadores que tinham condições fantásticas, mas nunca as trabalharam e acabaram por nunca dar nada.

Consegues facilmente conjugar o facto de seres um jogador profissional de andebol com o facto de estudares Direito na UP?

Não é fácil conjugar os estudos com o andebol, é preciso muita vontade e algum sacrifício. Para além de nos ocupar muito tempo e também estarmos ausentes muitas vezes, o cansaço por vezes é mais forte e tira-nos a vontade. Mas há que contrariar isso! Na minha opinião, o importante é nunca deixar de fazer alguma coisa e continuar a estudar porque a carreira de atleta é muito incerta. Primeiro porque tem uma duração relativamente curta e depois porque a qualquer altura pode aparecer uma lesão e tu deixas de poder trabalhar. Se tudo correr normalmente, quando se acaba a carreira, tem-se um curso superior e podemos seguir a vida noutro ramo. Na eventualidade de acontecer alguma coisa já temos a vida mais encaminhada.