Dia Mundial do Veganismo: Uma filosofia e um estilo de vida

Beatriz Batista adotou o estilo de vida e a dieta vegan há dez anos. O seu blog, sociedadevegan.com, foi criado há quatro anos e, na altura, fazia a divulgação de restaurantes vegan e fornecia informações e notícias relativas ao estilo. O objetivo inicial era a partilha de conhecimento numa rede onde, diz a criadora, “toda a gente pudesse escrever sobre o veganismo”.

Ao revelar o objetivo do blog, Beatriz fala em “tentar criar uma sociedade vegan” ou seja, trazer o conhecimento às pessoas, para que elas possam entender e chegar ao veganismo. “Há muita gente que não sabe o que isso é, e também há gente que quer ser, mas não sabe por onde começar”. A blogger pretende ajudar a formar consciências “para que as pessoas possam tomar as melhores opções”.

Para Beatriz “ser vegano está ao alcance de todos, não é caro e é perfeitamente saudável” e muitos veganos seguem esta dieta porque é a maneira certa de controlar ou combater os seus problemas de saúde.

No entanto, há cerca de três meses, Beatriz começou a utilizar o site como um blog mais pessoal e personalizado, uma vez que começou a ficar com dificuldades em arranjar colaboradores. Para além disso, sentiu que o seu empenho no site merecia um cunho mais pessoal.

O blog tem conteúdos diversificados, pois não apenas divulga notícias e eventos, como dá localizações de restaurantes vegetarianos, abre lugar para discussão, com artigos de opinião e partilha receitas veganas. O espaço “não se quer focar só na alimentação, quer fazer uma abordagem geral de todos os temas”. A blogger refere que vários restaurantes têm oportunidade de escrever um artigo para lá, dando a conhecer o sítio e partilhando uma receita vegana que é cozinhada nesse restaurante.

Acerca da interatividade no “sociedadevegan”, Beatriz considera que a mudança de conceito e de imagem, feita neste verão, foi muito positiva e trouxe uma maior aproximação dos seus leitores. A própria indica que as pessoas ganharam mais facilidade em colocar comentários e questões no blog renovado do que no site antigo, pois este tinha um aspeto “muito institucional”.

Afinal, o que é ser vegan?

Veganismo e vegetarianismo não são a mesma coisa? Esta é uma dúvida ainda frequente quando se fala no assunto. Beatriz explica que o conceito de veganismo só surgiu a partir da década de 1940 (mais precisamente em 1944, criado por Donald Watson). “Até aí a Sociedade Vegetariana não aceitava o consumo de produtos animais, mas depois começou a deixar entrar esses produtos”. O conceito de veganismo foi criado então, para que houvesse essa diferenciação. Diz a Beatriz que o veganismo é uma filosofia e um estilo de vida que “exclui todos os produtos de origem animal, não só na alimentação, como também no vestuário, na cosmética e também retiram todos os produtos que possam ter causado ferimento animal”.

Beatriz tomou a sua decisão aos vinte anos porque refletiu sobre o amor que tinha pelos seus animais de companhia e informou-se sobre a origem dos produtos. “Eu não podia estar a amar os animais e ter outros no prato”. Assim, revela que é-lhe muito fácil manter-se vegan já há uma década. “Quando nós conhecemos o que está do outro lado, é muito fácil. Difícil é pensar o que é que nós tínhamos feito antes. Ao fim de dez anos, às vezes ainda me sinto culpada”, revela Beatriz.

Confrontada com o senso comum de que deixar de consumir qualquer produto de origem animal – como por exemplo derivados de leite e ovos – é um extremo, a Beatriz afirma que, tendo a noção dos maus tratos aos animais, “extremo é talvez consumir”.

Beatriz Batista considera que atualmente não é difícil encontrar informação sobre o veganismo e que as redes sociais ajudam a divulgar muitos problemas, o que fomenta novas divulgações. As organizações e as campanhas de defesa dos direitos de animais tendem a ganhar importância na atualidade, tal como a Mercy for animals. Assim, a blogger do Sociedade Vegan denota uma evolução na sociedade e, fazendo referência também à partilha de informação em sites e blogs, conclui que é possível que haja uma maior abertura para o veganismo.