Pelas 21h30 do próximo dia 9 de novembro, segunda-feira, o Hotel Holiday Inn em Vila Nova de Gaia vai receber mais uma sessão do Clube dos Pensadores (CdP). Para esta 99.ª edição, o Clube irá continuar a mesma linha de pensamento que já tinha vindo a ter, ao convidar candidato presidencial, sendo desta vez Maria de Belém a marcar presença.

Na verdade, Maria de Belém já participou anteriormente no Clube dos Pensadores, em 2012. O fundador, Joaquim Jorge, revelou como curiosidade ter sido na 66.ª edição. Na altura a própria tinha aparecido enquanto presidente do Partido Socialista (PS). Desta vez, estará em Gaia para debater-se no papel de candidata à Presidência da República. “É uma figura do PS, até pela sua postura, muito educada”, admite Joaquim Jorge, em conversa com o JPN.

De facto, Maria de Belém vem acrescentar-se a uma lista de vários candidatos presidenciais que têm passado pelo Clube dos Pensadores recentemente. “Já tive Sampaio da Nóvoa, também já tive [Alberto] João Jardim que entretanto já desistiu. Depois tive o Henrique Neto que também correu bem, foi muito interessante”, recorda o fundador do CdP.

No decorrer da sessão, são vários os temas preparados para a candidata abordar. O programa do serão será rigoroso. “Faço o meu TPC. Não podemos esquecer que ela já foi por duas vezes ministra,” comenta o professor. Depois de uma curta apresentação da candidata, a própria terá o seu espaço para falar um pouco. “Pedi-lhe para falar só 10 minutos porque não vale a pena falar muito”, nota Joaquim Jorge, explicando depois que preferia uma sessão onde a conversa e o debate fluíssem das perguntas e reflexões que iam sendo feitas pela audiência, do que em apresentações pré-preparadas.

As legislativas serão assunto de conversa certo, com o próprio moderador a admitir que “não pode deixar de falar” nisso. Joaquim Jorge afirma esperar que o assunto das eleições seja mais fácil de ser abordado agora. Primeiro porque já passou algum tempo, e depois porque espera ter uma convidada mais à vontade para falar sobre isso visto que já “nem é deputada”. “Percebo que os candidatos se retraiam um bocado a falar nisso, mas têm que falar do momento político e do próprio partido em que estão”, admite.

Além disso, também está previsto falar-se sobre o programa de Governo, visto que o dia 9 será o primeiro dia de discussões e negociações do mesmo. Tendo em consideração a atual situação interna do PS, Joaquim Jorge demonstra o seu interesse em que a convidada aborde o tema. “Nunca nos podemos esquecer que bastam nove abstenções da bancada do partido socialista para que o governo seja aprovado”, revela o organizador. Por fim, conta ainda perguntar à sua convidada como iria desempenhar as suas funções de Presidente.

Para ele, uma mulher pode dar “um ar melhor a isto” visto que “as mulheres têm mais solidariedade”. Citou ainda uma frase de Adriano Moreira, com a qual afirma, convictamente, estar de acordo: “O que entusiasma é pela primeira vez haver uma mulher a candidatar-se, porque em geral as mulheres têm um sentido para a solidariedade, o interesse pela debilidade e pela fraqueza que os homens não têm”.

“Faço isto sempre pelos cidadãos”

Sempre atento ao que se vai dizendo, o anfitrião do serão aproveitou a conversa ao JPN para corrigir um lapso que muita gente tem cometido. De facto, muitos dizem que Maria de Belém é a primeira candidata mulher. “Mas não é. É a segunda… A primeira foi Maria de Lourdes Pintasilgo”, corrige Joaquim Jorge, brincando.

Sobre as presidenciais que se avizinham, Joaquim Jorge tenta manter a sua imparcialidade. “Há coisas de cada candidatura que são interessantes”, comenta. É neste sentido que tem convidado pessoas de todo o espetro político presente no país, e tem dado uma plataforma a vários candidatos de se expressarem e estarem em contacto com a população. É também por isso que admite estar “em negociações para ter outra vez o Marcelo Rebelo de Sousa”, que representa um dos nomes fortes que lhe falta neste ciclo de candidatos convidados ao Clube, embora também já tenha vindo anteriormente.

O JPN pode adiantar em primeira mão que o 100.º debate será na segunda-feira 30 de novembro, mas não sabe ainda quem será o convidado para marcar o acontecimento especial. “Nunca pensei chegar a isto”, diz Joaquim Jorge, surpreendido. Considerando que o 10.º aniversário do Clube dos Pensadores só acontece em março, “são mais de 10 [sessões] por ano”. “Não consigo ter explicação”, revela.

Joaquim Jorge falou também com o JPN sobre os comentários que têm sido feitos ao longo dos anos sobre o seu Clube, as horas a que tem as suas sessões e as datas.”Tenho que fazer um bom agendamento, uma coisa bem feita para permitir que as pessoas venham. Se eu fizesse isto de tarde não me faltavam convidados. Tenho de fazer isto à noite por respeito a quem assiste. Faço isto sempre pelos cidadãos”, menciona o professor.

Ainda assim, o próprio já admite cansaço e está a avaliar a continuidade do projeto depois de marcado esse aniversário. “Tenho que parar e falar com as pessoas, para ver”, confessa. Queixa-se de ser bastante cansativo apesar de ser algo que faz apenas nos seus tempos livres. Mencionou ainda as vezes em que está “sujeito a críticas” e “mal-entendidos”. “Tudo isto é um trabalho de bastidores enorme”, lembra Joaquim Jorge. Isto é um “esforço enorme” e que lhe requer estar-se “sempre a provar”. “Eu faço voluntariado social”, conclui.