Já se encontram abertas as candidaturas para ingressar no Teatro Universitário do Porto (TUP). Até dia 30 de novembro, entusiastas da arte da representação terão a oportunidade de enviar a sua inscrição para poder concorrer aos lugares disponíveis para o próximo curso de iniciação à representação.

É importante assinalar esta data, visto que o curso apenas costuma realizar-se de dois em dois anos. Para saber mais, o JPN esteve à conversa com Orlando Gilberto Castro, que participou na edição de 2012 e é o presidente do TUP. No curso, procura-se dar formação aos interessados em representação teatral. A iniciar-se em fevereiro do próximo ano, o projeto irá culminar numa atuação dos recém-chegados, num espetáculo produzido e encenado no decorrer no mês de junho de 2016.

O processo de escolha

Mesmo assim, antes de chegar a junho, os pretendentes terão ainda um longo caminho a percorrer. Depois da candidatura por mail a efetuar até dia 30 de novembro (ver caixa), irá seguir-se um período de entrevistas, durante o mês de dezembro. “Nós confirmamos a inscrição, e depois todos os candidatos serão contactados durante o mês de dezembro ou até antes porque já temos muitos inscritos” contou Orlando Castro. As entrevistas serão de cariz “muito informal” e decorrerão em privado entre direção do TUP e os candidatos, para que ambas partes se conheçam melhor, para “apresentar o TUP”, e “explicar o seu funcionamento”.

Inscrições

O curso intensivo é gratuito e estará aberto a todo o tipo de pessoas, estudantes da UP ou não. Para candidatar-se, basta enviar um mail para [email protected] com o assunto “INSCRIÇÃO”, que contenha nome, idade, profissão e contacto telefónico da pessoa candidata.

Todo o processo, desde as entrevistas, audições, aulas e ensaios serão realizados no nº.1 da Praça Coronel Pacheco, nas mesmas instalações que a Academia Contemporânea do Espetáculo – Escola de Artes (ACE)

Em janeiro, chegará a altura mais séria das audições para separar participantes de pretendentes. Orlando Castro clarificou que as audições irão acontecer em duas fases distintas. Na primeira, os candidatos “serão divididos em grupos” e “cada grupo estará presente apenas durante umas horas de um único dia”. Durante esse tempo, o que se pretende será “quebrar um bocado o gelo”, deixar os candidatos “mais à vontade” e sobretudo “perceber que tipo de dinâmicas de grupo é que estabelecem”.

A seguir, haverá uma parte individual para todos os pretendentes. Nessa fase, será pedido aos inscritos que apresentem uma cena com o tempo máximo de três minutos, inteiramente livre. “Durante esses três minutos os candidatos poderão mostrar o que acharem que nós devemos saber, no sentido de os escolhermos para a realização do curso”, revelou o responsável do curso.

O curso

Para os que tiverem a sorte de serem selecionados, será aí que irá começar o trabalho árduo. “Durante os meses de fevereiro e março, os primeiros do curso, haverá uma primeira fase com aulas de movimento, voz e interpretação”, explicou Orlando Castro. Cada uma destas disciplinas irá ter “um professor específico” e as aulas serão repartidas ao longo destes meses. De forma a acomodar o maior número de pessoas possível, estudantes ou não, o curso irá realizar-se em período noturno, entre as 21h e a 00h de segunda à sexta-feira.

Depois de adquirir os conhecimentos básicos, será possível passar-se à fase seguinte, de preparação da peça final a ser apresentada. Esta mesma preparação será efetuada através de ensaios orientados, que serão dirigidos por um encenador. Esta nova fase terá início por volta do “final de março ou início de abril”. Durante esta parte, tudo irá continuar no mesmo horário e com a mesma frequência de dias que as aulas. Já nesta parte, a ideia será pegar nas ferramentas adquiridas nos meses anteriores e “aplicá-las de facto na construção de um espetáculo e depois levá-lo à cena”. “Será uma parte importante da experiência, dar aos participantes esta possibilidade de actuar perante um público com o trabalho que desenvolveram durante este tempo”, admitiu Orlando Castro. Esse culminar da experiência irá ser dado numa data ainda por determinar em junho.

O perfil procurado

Quanto ao tipo de pessoas pretendidas pelo Teatro Universitário do Porto, o mesmo é livre e não se encontra de qualquer forma restringido. “Interessam-nos pessoas com vontade de aprender, com entusiasmo, e que tenham um certo espírito de grupo”, revelou o ator. O tipo de pessoas que procuram para o TUP e que os “deixa confortável” é “transversal e variável”. O aspeto mais importante é mesmo que “tenham vontade de se integrar e trabalhar em conjunto”.

O próprio Orlando admitiu que neste momento, há já inscritos com perfis tão díspares, que o mais velho tem 61 anos. “Interessa-nos este espírito muito transversal que não depende exatamente de uma determinada área ou proveniência. Interessa-nos esta riqueza que dá aos nossos elencos características de trabalho muito particulares”, confessou o mesmo.

Apesar de ter uma “forte adesão” por parte da comunidade da Universidade do Porto (UP), sublinhada pelo próprio, “não é necessário ser da UP, nem ser estudante, para realizar o curso e para fazer parte do TUP”. O mais importante é sobretudo serem “pessoas com vontade de aprender”. Não serão necessariamente pessoas que “já tenham formação em interpretação” ou pessoas que já tenham tido outro tipo de experiência que serão as mais procuradas, “não é de todo um pré-requisito ter essa experiência de representação”. O pretendido é gente “com vontade de experimentar coisas novas, independentemente de áreas ou profissões”.