São 25 os candidatos, mas apenas cinco os vencedores. O Casino Estoril, em Cascais, acolhe esta quarta-feira a 20.ª Gala do Desporto, numa iniciativa promovida pela Confederação do Desporto de Portugal (CDP). Com periodicidade anual, a “grande festa” do desporto nacional procura fomentar “o convívio e a sã camaradagem entre todos aqueles que directa ou indirectamente participam no fenómeno desportivo”, como se pode ler no site da confederação. Além disso, destaca a promoção dos “valores de espírito desportivo”.

De acordo com a entidade reguladora do desporto em Portugal, a edição de 2015 vai ser subordinada ao lema “20 Anos da Gala do Desporto”, para assinalar a passagem de duas décadas da realização do evento. E terá como principal objetivo reconhecer os que “mais se destacaram em cada modalidade desportiva”, ao longo do ano civil.

Entre os nomeados para melhores dos melhores estão alguns atletas estudantes, que competem ao lado de grandes personalidades do mundo do desporto. No prémio de atleta masculino do ano Rui Bragança (taekwondo), estudante da Universidade do Minho (UM), compete com Fernando Pimenta (canoagem), Miguel Oliveira (motociclismo), Nélson Évora (atletismo) e com o vencedor das últimas três edições, o ciclista Rui Costa.

Já no setor feminino, o galardão da atleta do ano será disputado pela ginasta Ana Filipa Martins, estudante da Universidade do Porto (UP) e ainda por Ana Teresa Almeida (surf), Francisca Laia (canoagem), Fu-Yu (ténis de mesa) e Mariana Souto (patinagem).

Também a distinção de “Jovem Promessa do Ano” inclui o desporto universitário com Joana Cunha, estudante do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), a concorrer ao lado de José Souto (patinagem), Melanie Santos (triatlo), João Amorim (canoagem) e do futebolista Rúben Neves.  Quanto ao galardão de treinador do ano, o lote de escolhas integra Rolando Freitas, treinador que levou a seleção universitária de andebol a vencer as Universíadas, seleção essa nomeada ao prémio de “Equipa do Ano”.

Como se elegem os vencedores?

O processo de obtenção dos vencedores incorpora diversas etapas. Num primeiro momento, as federações desportivas são convidadas a participar de forma ativa, indicando os candidatos em cada categoria. Estas propostas são comunicadas a um júri composto por dirigentes, técnicos e antigos atletas de alto prestígio, que elegem os cinco finalistas para cada categoria. Depois, os nomeados são submetidos à votação online do público e, por último, ao sufrágio dos presentes na Gala no Casino Estoril. O primeiro escrutínio estende-se durante um maior período de tempo (entre 28 de outubro e 11 de novembro), representando um peso de 60% no resultado final da votação.

Além das distinções relativas aos desportistas do ano, a cerimónia inclui a entrega dos prémios “Personalidade do Ano e Alto Prestígio”, a mais significativa atribuição da Confederação.

Uma portuguesa à procura da rota brasileira

Na categoria de atleta feminina do ano emerge a estudante Ana Filipa Martins. A ginasta de 19 anos traça um “balanço muito positivo” das performances alcançadas em 2015, com destaque para o oitavo lugar no Campeonato da Europa em Montpellier. Resultado que se conjuga com as medalhas de bronze na final do concurso de trave da 28.ª Universíada de Verão Gwangju (Coreia do Sul) e na Taça do Mundo de Cottbus (Alemanha).

No recente Campeonato do Mundo em Glasgow, Escócia, a jovem portuense ficou em 22.º lugar na final do concurso all-around. Somou 54.199 pontos (distribuídos por solo, trave e barras assimétricas) e conseguiu entrar na primeira fase de apuramento para os Jogos Olímpicos de 2016. A estudante acredita que pode ser uma das revelações do ciclo olímpico Rio 2016, embora considere que os “obstáculos daqui em diante serão muito mais complicados”. Mesmo assim, a atleta do Sport Club do Porto (SCP) não esconde a ambição de representar Portugal em solo brasileiro. A receita para o sucesso passa por “trabalhar forte” durante os próximos meses, para conseguir “estar ao melhor nível”.

Em conversa com o JPN, Filipa Martins confessa as dificuldades em conciliar a carreira desportiva com a vida académica, já que “não há muito tempo para outras tarefas”. A atleta ressalta o auxílio dos pais, “cada vez mais importantes na concretização de boas prestações escolares”. Com cerca de 36 horas de treinos por semana, a aluna de Ciências do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), opta por passar a maioria dos dias em contexto académico e guardar algum tempo para os estudos. Só assim consegue lidar com toda a exigência quotidiana.

Atleta desde os quatro anos, a jovem portuense sempre se dedicou à ginástica artística “de corpo e alma”. E foi gradualmente obtendo resultados cada vez mais positivos, perante a “pouca valorização da modalidade em Portugal”. Aliás, na sua opinião “é muito complicado tornar este desporto como futuro profissional”. Seja como atleta ou treinadora, uma vez que os apoios monetários são quase nulos.