As expectativas são altas quando se fala de dança urbana em Portugal. No sábado, dia 14 de novembro, é a vez de Bruce Almighty, membro dos portuenses Momentum Crew, mostrar o que vale na Red Bull BC One World Final, um marco na coroação de dançarinos urbanos.

Bruce começou a dançar em 2004, “logo no bboying”. Apesar de ter nascido na Sibéria, é o Porto que tem no coração. A integração de Bruce na crew portuguesa resultou da viagem de Max Oliveira, líder dos Momentum Crew, ao país de Almighty. Rapidamente surgiu o “amor de irmão” entre os dois. “Identificámo-nos e ele arriscou vir para Portugal. Mostrou qualidades humanas além das artísticas e dedicou o seu tempo e energia à crew que o abraçou e acarinhou”, conta Max Oliveira ao JPN. Essa dedicação constante fez dele um dos bboys de topo mundial.

O seu currículo é, para a grande parte das pessoas da área, invejável. Em 2012, ganhou a Raw Circles, na Bélgica e a Red Bull BC One Cypher, em Portugal e, ainda, o Unbreakable, na Bélgica, em 2014. Por isso mesmo, não está preocupado por ser a primeira vez na BC One World Final. “Sinto-me igual porque já participei nos grandes eventos mundiais”, considera Bruce. Quando dança individualmente, Bruce Almighty explica que representa não só Portugal, mas sim tudo aquilo que valoriza. “Represento também de onde venho, a Sibéria, a minha família e os Momentum”, indica.

Os adversários vêm de todos os cantos do mundo e o bboy reconhece que “são todos fortes”. Lil Zoo e Kleju, adversários na gala portuguesa – que reuniu a “crème de la crème” da dança urbana – também foram escolhidos para a competição. Mas Bruce descarta a vantagem de os ter batalhado nessa altura, até porque “já [os] conhecia há muito tempo”.

E se é normal pensar que os nervos e a pressão aumentam quando se chega a este nível, para o dançarino isso nunca acontece quando batalha. “Durante a semana é que existe aquele tempo para pensar e controlar a mente. Isto é dança, não é boxe”, brinca. Até porque Bruce já tem a experiência necessária “para não fazer filmes” e relaxar.

Para Max Oliveira, as expectativas para sábado são fortes. Ainda assim, acredita que a primeira batalha vai ser decisiva e difícil. “As minhas expectativas são sempre elevadas quando toca a Momentum Crew, embora o nosso historial na BC One World Final foi sempre aquém do que desejamos. Desta vez acredito muito no Bruce, pois é incrível, surpreendente e capaz de vencer tudo e todos”, sublinha o líder da crew.

É Itália quem recebe a competição, mas as batalhas podem ser vistas online através do link disponibilizado na página do evento.

Red Bull BC One, a competição que falta Portugal conquistar

A Red Bull BC One chegou pela primeira vez em 2004, a Biel, na Suíça. Desde então, a final mundial viajou por capitais como Berlim, Paris ou Moscovo. Este ano é a vez de Roma receber uma das competições mais importantes no circuito mundial do bboying.

Todos os anos, milhares de dançarinos batalham entre si, por um lugar no top 16, que dá direito à presença na grande final. Para isso, cada país organiza uma cypher, em que o vencedor ganha um lugar numa das seis finais que decorrem por todo o mundo. O vencedor dessas finais “regionais” ganha o bilhete dourado para a final.

Em cada uma dessas batalhas, os critérios de avaliação são fáceis: “qualidades artísticas, coreografia, inovação e carácter”, onde têm que mostrar os básicos que definem esta dança -toprock, downrock, power moves e freezes– sem esquecer o estilo de cada um. Só a conjugação de todas estas características torna um bboy completo o suficiente para ser o melhor.

Desde 2004 que Portugal só assegurou lugar entre os 16 finalistas em 2011, com Lagaet, dos Momentum Crew. Amanhã é a vez de Bruce Almighty representar Portugal – bater o vencedor do ano passado, Menno – e trazer o título para casa.