Aquilo que inicialmente seria “só mais uma historinha”, acabou por se torna num livro. E foi aí que Daniela Castro Soares, licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), pensoU que “até poderia dar em alguma coisa”.

Em conversa com o JPN, Daniela Soares conta que desde cedo mostrou interesse pela escrita, “escrevia diários, desabafos, contos”. No entanto, em pequena foram muitos os sonhos que teve para a sua profissão. Daniela já quis ser uma infinidade de coisas, desde pediatra, a psicóloga, guia turística ou até tradutora, mas o destino quis que a antiga aluna da FLUP seguisse o sonho do avô, “que adora o mundo das letras, do jornalismo e da escrita”.

E com esse mundo imaginário sempre presente na sua vida, acabou por escrever “Não vás por aí”. A autora explica que o título surgiu de um poema de José Régio que, curiosamente, foi declamado na faculdade pela professora de ética e que reflete as influências sofridas ao longo da vida. “Tem muito a ver com o Roberto, o protagonista. Tem a ver com as escolhas e com a personalidade dele. As pessoas tentam puxá-lo para um lado e para o outro e ele tenta manter-se firme”, refere a escritora.

As origens

A escritora de “Não vás por aí”, Daniela Castro Soares, nasceu no Porto em junho de 1990. Vive em Argoncilhe, uma pequena freguesia por sinal “muito pacata” que se situa no extremo norte do concelho de Santa Maria da Feira.

No que diz respeito à história, a jovem admite que a grande parte é ficção, mas tende também a falar da sua história. “É claro que tudo o que escreves acaba por ser sempre um bocadinho sobre ti e há partes que são claramente inspiradas na minha vida, no que eu passei, nas pessoas que eu conheci”, reconhece.

A inspiração despoletou ao ver o documentário “É na Terra, não é na Lua”, de Gonçalo Tocha e que decorre na Ilha do Corvo, Açores. Uma ilha no meio do nada, com pouca gente e onde os costumes, as tradições e o “Portugal do antigamente” ainda estão muito presentes. A antiga aluna da FLUP revela que, assim que começava a escrever, as palavras surgiam e a escrita fluía sem pensar muito.

“Não vá por aí”, editado pela Estremoz editora, foi apresentado na semana passada, em Lisboa. Agora é a vez de dar a conhecer o livro ao norte. “O local deixei ao encargo da editora, porque não conheço Lisboa, mas foi engraçado”, indica. Ainda assim, Daniela Soares confessa que o lançamento do livro agendado para Santa Maria da Feira, no próximo sábado dia 14 de novembro será “mais especial”. Na livraria Vício das Letras a autora vai ter consigo a presença dos que lhe são mais queridos, como a família, os amigos, os colegas do jornal, os conhecidos. “Espero casa cheia”, conclui.

O mundo das letras e o jornalismo

Mesmo depois de ter considerado outras profissões, Daniela Soares entregou-se às Letras. É no 12.º ano que decide seguir jornalismo e, portanto, todas as suas opções incidiram na comunicação. A autora de “Não vás por aí” acabou por ir parar à Faculdade de Letras, ao curso de Ciências da Comunicação. Ainda assim, os primeiros anos não a cativaram muito, por serem, de acordo com a própria, “demasiado teóricos”. “Cheguei mesmo a ponderar se era realmente o que eu queria. Mas no 3.º ano, tudo mudou. É um ano muito mais intenso, onde fiz trabalhos para diferentes vertentes, adorei”, relata.

A estudante acabou por estagiar no jornal Público durante três meses e considera que foi a sua grande escola. Aí aprendeu os ritmos, as rotinas e o que é verdadeiramente o jornalismo. “Fiz de tudo. Fiz reportagens sociais, fiz acidentes, fiz rondas, fiz alguma investigação, fiz de tudo um pouco”, conta. Depois acabou por fazer um estágio de verão na NOS, no Canal 180, onde se focou numa área que lhe é muito querida, a cultura. O último estágio foi no Terras da Feira, com o objetivo de conhecer melhor o local que a viu nascer.

Atualmente, é chefe de redação no Correio da Feira. A jornalista sente-se muito feliz com a experiência, uma vez que está a adquirir novas capacidades “como a liderança, a gestão de uma equipa, a conjugação de vontades – que não é fácil – desenhar o jornal, perceber o que é que é mais importante para pôr na capa, entre outras coisas”.

Daniela considera que tem vindo a crescer bastante como pessoa, fruto do seu perfecionismo e da sua exigência, para consigo e para com os outros, e das experiências que teve na vida. Espera continuar a trilhar esse caminho.