As eleições para a Federação Académica do Porto (FAP) estão quase aí. Este ano, tudo aponta para que Daniel Freitas seja reeleito para um novo mandato, visto que a sua lista, a A, foi a única que se apresentou a sufrágio. Segundo o próprio, em conversa ao JPN, “foi um mandato que correu bem”, que parece ter sido considerado pelos seus pares como sendo “bem sucedido nas várias matérias” a que o seu executivo se propôs. Por isso, o mesmo acredita ter-se gerado “algum consenso sobre esta recandidatura” e considera esse mesmo consenso como sendo uma das razões para que “não tenha aparecido uma lista de oposição” nem tenham aparecido outros movimentos de possível oposição a esta candidatura. Assim, esse também poderá ser um dos fatores a que o atual presidente atribui pelo facto da sua lista ser a única. “Como se gerou consenso em torno do trabalho realizado este ano, não há espaço para muitas pessoas ou entidades contra este mandato e por isso não haverá gente suficiente ou vontade por outros projetos”, revela o próprio.

O regulamento, que obriga a que cada lista inclua, pelo menos, nove membros de associações de estudantes diferentes, pode também ter sido, de acordo com Daniel Freitas, um dos fatores por dificultar o processo de criação das mesmas.

Ainda assim a lista A, encabeçada então por Daniel Freitas, tem em vista uma continuação do trabalho efetuado até agora. “É um projeto de continuidade, queremos aprender com o que correu menos bem no presente ano, continuar a crescer e também otimizar aquilo que correu bem e foi bem sucedido em 2015”, admite o mesmo.

Nesta sua candidatura para um segundo mandato, Daniel Freitas aponta para uma série de diferentes “vetores” principais. Destacou como sendo uns dos primários a “representação estudantil e institucional” e a “intervenção política da FAP perante os mais diversos agentes do ensino superior”. Além desses, também refere “a tentativa de procurar as melhores condições possíveis” e “proporcionar aos estudantes essas melhores-valias do ensino superior”. Explica ainda que depois de um ano em funções, o mesmo trouxe-lhe “maior à vontade, maior conhecimento e maior experiência”, tornando assim “mais fácil” e “mais proveitoso” este trabalho de continuação a cargo da Federação.

O Pólo Zero é o ponto central deste executivo da FAP e será através dele que a organização pretende passar maior parte das suas futuras iniciativas. O Pólo, cujas obras já se iniciaram, pretendem abrir o novo local por volta de janeiro do próximo ano. É um projeto pensado há muitos anos e já foram dados passos para a sua edificação. É uma aposta muito forte desta direção, que pretende com o Pólo mudar a forma como a FAP se relaciona com os estudantes.

Neste sentido, para o próximo mandato, Daniel quer continuar a fazer “um trabalho de aproximação da FAP aos estudantes”. O atual presidente admite que por vezes “a FAP peca” por deixar jovens a pensar que o órgão “só trata da Queima das Fitas e dos campeonatos de desporto”. “A verdade é que não”, revelou Daniel Freitas, acrescentando que essa aproximação deverá ser feita “através das redes sociais, de proximidade, de uma comunicação mais esclarecedora”, porque “há muita atividade importante para os estudantes da Academia do Porto”.

Quanto a projetos concretos, são vários os que a FAP pretende incluir para o próximo ano. Considerando que boa parte do investimento no Pólo Zero já foi feito, parte do próximo orçamento poderá agora dirigir-se à recuperação do auditório no edifício da FAP, de forma a arranjar assim um espaço na zona do Campo Alegre onde seja possível a grupos de estudantes poderem usar esse espaço. O executivo também pretende continuar a apostar no cartão jovem académico, que proporciona vantagens a estudantes da Academia do Porto.

Em relação a novas questões, o próximo ano terá, como já foi referido, o Pólo Zero. Nesse lugar em frente aos Clérigos, pretende-se oferecer “um espaço onde se podem potenciar imensas atividades”, entre as quais um “espaço de estudo, ajuda ao emprego, apoio a novas empresas, novas ideias, elementos de formação e alguns eventos lúdicos”.

Outra das apostas que a FAP quer fazer é uma “sistematização mais forte do voluntariado estudantil”. Segundo o próprio Daniel Freitas, a “FAP consegue hoje recolher e colocar estudantes da Academia do Porto ao serviço da cidade e das comunidades” através de vários eventos, entre os quais a FAP No Bairro. “O que nós gostaríamos de fazer era alargar este número de voluntários e poder ao longo do tempo ir preparando-os para as mais diversas atividades”, revelou o presidente. Ao longo do ano os alunos poderão receber formação em diversas áreas, seja na área de preparação de atividades para crianças, seja na área de comunicação, tudo capacitação pessoal em torno de mais-valias. “Queremos que os alunos cresçam com a FAP, aprendam com a FAP, percebam que na FAP, há imensas atividades de voluntariado e há formas de crescer”, confessou o jovem.

Também ficou prometida a manutenção de políticas de “dinamização do empreendedorismo” com iniciativas ligadas ao mundo das empresas e do trabalho. “Vamos ter o Pólo Zero como uma área fundamental para isso”, afirmou. Vão apostar mais no “acolhimento aos estudantes de Erasmus assim como ao resto dos alunos de mobilidade”, onde mais uma vez pretende que o Pólo Zero seja fundamental. Depois, também promete trabalhar com a câmara do Porto e o Instituto Português do Desporto  no sentido de conseguir dar maior dimensão a atividades de desporto informais. “Um bocado como fizemos este ano com a Academia em Movimento em que estivemos por vários pontos da cidade com várias aulas de desporto mais informais como body combat, ou body pump“, explicou Daniel Freitas. Sobre o desporto, foi possível também relembrar que o Porto irá receber, no próximo ano, o campeonato mundial de floorball, como o JPN já tinha noticiado, e que a FAP vai organizar em conjunto com a Universidade do Porto (UP).

Além disso, com muita racionalidade, a provável futura direção quer tentar recuperar o projeto das “Férias Desportivas” da FAP, evento recreativo e desportivo que se realizava no Algarve. Essa iniciativa, segundo revela Daniel Freitas, “era um dos picos de participação dos estudantes” que se realizava nas férias da Páscoa e foi abandonado enquanto projeto depois de 2012 por falta de inscrições participantes. Agora em 2016, será efetuada uma tentativa de trazer este evento de volta.

Para a reeleição haverá um debate, no dia 24 de novembro, com todas as associações de estudantes e a eleição será dia 3 de dezembro e a tomada de posse no dia 7 de dezembro.

FAP no Bairro

Nasceu em 2010, foi um projeto que a FAP criou e desenvolveu nesse ano cuja ideia, segundo explicou Daniel Freitas, passou por criar centros comunitários em bairros desfavorecidos na área do Porto. Começou através da instalação e elaboração de uma sala no bairro do Carriçal. “É uma sala, e a ideia era ter atividades principalmente para as crianças”, segundo é referido. Contando com membros voluntários estudantes da academia do Porto, as crianças eram ajudadas por exemplo a fazer os TPC’s  ou tinha atividades organizadas para elas. “Já foram ao zoo, já foram à praia”, mencionou o presidente. Em 2013 abriu-se uma segunda sala no mesmo bairro, desta vez dirigida para pessoas mais velhas, adultos e séniores, onde conseguiram desenvolver atividades como “aulas de informática, rastreios medicais, apoio legal”, entre outras atividades. “Aquilo estabeleceu-se como um local e um projeto ao qual as pessoas do bairro recorrem, não só para entreter as crianças ou os séniores”, explicou Daniel. “Já se inseriu perfeitamente no bairro do Carriçal, é um suporte para aquela população”.

Em 2014, visto que o projeto já estava consolidado, procurou-se expandir para outro bairro. A solução encontrada foi para o bairro de Pinheiro Torres e por isso foi aí que se deu a abertura do segundo espaço comunitário. Para este ano, o objetivo é “desenvolver este segundo espaço e consolidá-lo” através de iniciativas dinamizadas pelos estudantes, com vista a levá-lo ao nível em que se encontra o primeiro. Futuramente, caso o programa consiga ser inserido em outras iniciativas e outros programas de fonte de financiamento tanto nacionais como europeus, visto estar neste momento financiado pela FAP com ajuda da autarquia do Porto, abrir um terceiro centro num futuro mais distante.