No próximo fim de semana, entre sexta-feira 20 de novembro e domingo 22, Serralves irá apresentar o ciclo “Color Sound Frames“. Este ciclo terá uma série de eventos e atuações ao vivo que misturam música e cinema experimentais. O próprio título do ciclo de eventos é uma homenagem feita pela própria Fundação a Paul Sharits, emblema do cinema experimental. Este nome é, na verdade, o nome de um dos seus filmes que será possível visualizar , inclusivamente, na tarde do dia 22 de novembro.

O que a fundação de Serralves pretende fazer é apresentar trabalhos que se baseiam na experimentalidade. Uma das curiosidades deste ciclo é a especial atenção a artistas que, tanto para a música como para a imagem, utilizem precisamente atuações ao vivo para criarem as suas obras. Passando a explicar, significa que nas várias peças dos projetos internacionais presentes em Serralves, as obras serão realizadas ao vivo. Por exemplo, há atuações que irão desenrolar-se através da manipulação em tempo real e de forma direta das próprias máquinas de projeção e da película fílmica, com recurso a feedbacks ou interferências. O objetivo é retirar os próprios objetos de transmissão de imagens e de produção musical fora da sua sombra e torná-los uma parte integrante do espetáculo.

Bilhetes

Com curadoria de Pedro Rocha, este ciclo de cinema e música experimental pretende investigar o cruzamento entre estas duas unidades artísticas, tendo especial atenção para as obras criadas ao vivo.
Para cada dia do ciclo “Color Sound Frames”, a entrada terá um custo de cinco euros para o público. É possível efetuar a compra dos bilhetes através do site oficial de Serralves, que disponibilizou página de compra para a sexta-feira 20, o sábado dia 21 e para o último, domingo 22.

O ciclo previsto para o fim de semana será inaugurado às 20h de sexta-feira dia 20 de novembro com a estreia nacional do novo projeto de Theo Burt, que tem como título “Colour Projections”. Nele, o artista sonoro criou uma série de sistemas geométricos, nos quais o traçado das configurações é diretamente transformado em ondas áudio. A seguir-se a esta performance com foco no áudio, Serralves irá receber, por volta das 23h, a recém-formada colaboração entre Pedro Maia e a dupla sueca Shxcxchcxsh. “Imperfect Film” de Pedro Maia será aí apresentado, sendo uma homenagem ao primeiro suporte físico do cinema, a película em celulóide. A dupla sueca a acompanhar terá a tarefa de providenciar ao filme o seu som ambiente, através da utilização de, por exemplo, drones, entre outros elementos desconhecidos.

No dia 21 de novembro, sábado, serão três as atuações a decorrer durante o dia. Para arrancar, às 17h irá decorrer “Cipher Screen” de Greg Pope, um dos grandes nomes do cinema experimental e fundador dos grupos dedicados a esta arte, “Situation Cinema” e o “Loophole Cinema“. O trabalho é um de live art no qual serão usados dois projetores de 16mm especialmente preparados para o efeito. Para esta performance específica em Serralves, o artista será acompanhado por Joachim Nordwall, figura da música experimental nórdica, fundador da banda de rock ritualístico Skull Defekts.

Às 18h30, será tempo de entrar em cena a dupla constituída pelo artista multimédia Guillaume Cailleau e pelo músico Werner Dafeldecker que, pela primeira vez em Portugal, para apresentar o seu primeiro de dois projetos, que tem o nome “Resonator I”. O projeto é uma curta performance dedicada ao analógico, físico e manual que irá conter batimentos sonoros produzidos por geradores de sina, envolvidos pelos espaços visuais vibrantes que serão aglomerados de cores e frequências de luz criadas com dois projetores Super 8. Às 19h, para a última atividade do dia, será a vez de ser apresentado “Le Révélateur“. Este projeto de Sabrina Ratté com o compositor Roger Tellier-Craig, trata-se da criação de arquiteturas abstratas e paisagens eletrónicas através do uso das imagens de Ratté com os sons futuristas eletrónicos de Tellier-Craig. O duo canadiano pretende criar uma experiência audiovisual imersiva onde som e imagem são inseparáveis

Para o último dia do ciclo, domingo 22 de novembro, as atividades irão iniciar-se mais cedo, por volta das 16h, com a exibição do filme que porta o nome do ciclo, “Color Sound Frames”, de Paul Sharits. Como já tinha sido referido, o filme de 1974 irá ser exibido em Serralves por se tratar de um filme e de um artista de grande importância para a área do experimentalismo.  Este filme aborda o próprio dispositivo do cinema e trabalha com experiências com sobreposições de sentidos, direções e as velocidades da película e da projeção. O efeito pretendido é a criação de sobreposições, fusões e a criação de padrões visuais e sonoros. Depois desta exibição, a dupla Cailleau/Dafeldecker irá regressar ao auditório por volta das 17h para dar início ao segundo dos seus projetos, “Resonator II”, que é uma continuação alternativa do primeiro apresentado no dia anterior. Terminando em alta, o ciclo experimental irá fechar com a estreia em Portugal de Billy Roisz. A austríaca, uma das figuras mais conceituadas da área das performances artísticas experimentais desde finais da década de 90, irá realizar uma performance a solo. O seu trabalho foca-se na tradução em imagens de música experimental. Para tal, usa uma unidade do sinal eletromagnético gerado pelas máquinas que criam a imagem ou o som.