Pensar nos Aliados sem pensar em cultura já não é, para a maioria dos portuenses, tarefa fácil. Durante dois anos e oito meses, a câmara do Porto e a Porto Lazer tornaram o Edifício AXA o palco cultural da avenida e levaram “perto de meio milhão” de pessoas a conhecer, a descobrir e a viver experiências e iniciativas diferentes do habitual. O 1.ª Avenida foi o motor de arranque, em 2013, para um projeto novo e inovador que pretendia reabilitar um espaço abandonado da cidade e transformá-lo. Certo é que o “sucesso” foi tal que, de forma inconsciente, o edifício foi-se tornando numa “das principais âncoras de animação dos Aliados”, como descreve a câmara do Porto em comunicado.

Ao longo do tempo, a animação do local contagiou a baixa portuense e foram mais de 300 as iniciativas que passaram pelos sete pisos do AXA. Volvidos dois anos e meio, a Câmara Municipal do Porto (CMP) vai entregar o edifício aos proprietários, após negociações com a Companhia de Seguros AXA para prolongar o contrato de cedência do espaço primeiro até ao final do ano 2014 e, depois, até ao início de dezembro deste ano.

Com o “adeus” ao AXA bem próximo, a altura continuará a ser de festa nos Aliados. Em jeito de despedida, mas sempre com a animação presente, a câmara convida todos os portuenses à festa de encerramento do espaço, marcada para o dia 28 de novembro. Por uma última vez, o AXA vai ser transformado num espaço de partilha, onde haverá lugar para concertos, oficinas, mostras de ilustração e arte urbana, instalações e performances. A cultura e a arte em todas as suas valências serão as protagonistas do dia, com início marcado para as quatro da tarde, numa celebração de 12h “non stop“.

Logo para começar, às 16h do dia 28 de novembro, mais de uma centena de alunos da escola profissional Balleteatro vão realizar aquele que é o grande momento do dia. A fachada do AXA será preenchida com uma “Partitura Dourada”, isto é, mais de 300 mantas térmicas irão cobrir o edifício com coordenação de Carlos Silva, Elisabete Magalhães e Sónia Cunha. A fachada será também o motor da intervenção de Nuno Pimenta. Seguem-se doze horas de movimento, animação, troca de experiências. Os sete pisos e as varandas do AXA terão todos os motivos para chamar públicos diversos e variados – até agora a máxima do espaço – numa última vez.

Começando pelas emblemáticas varandas do local, estas serão palco para dois concertos, da Orquestra de Guitarras e Baixos Elétricos (OGBE) às 11h da noite e à meia-noite dos Mirror People & The Voyager Band. Depois segue-se uma panóplia de ações: no piso 0, a loja terá uma intervenção artística de vidro de Frederico Draw e às 17h a música de Fulano 47, Lukkas, King Fu e Meira da companhia discográfica Freima vão encher o espaço. No piso 1 a música será, novamente, a grande presença, com destaque para o concerto de Filho da Mãe às 22h.

Já no piso 2 haverá espaço dedicado aos mais novos, com o workshop de sonoscopia “Das Gavetas nascem Sons” para todos que quiserem participar. Para além da instalação de Boris Chimp, Visiophone, também o coletivo da Circus Network, do qual faz parte os artistas FedorChei Krew ou Mesk,  vai apresentar o trabalho de arte urbana, tão conhecido no AXA. No terceiro piso, o espaço divide-se em oficinas, DJ sets e, ainda, “Reparage”, o exercício de cinematografia proposto por Rui Pinheiro e, no andar acima, serão as instalações de Haarvöl e de Takeover, da Favela Discos a preencher o local.

Ao chegar ao quinto piso, os visitantes poderão contemplar duas instalações: LASERS e Rua do Sol e no piso 6 o ambiente será de música desde as 17h30 da tarde às 3h da manhã, num total de seis concertos, um deles da parceira do programa, a  Lovers & Lollypops. No último andar, o cinema de animação e as artes plásticas vão dominar através de uma exibição do Expedicionário da Desorientação. Como o edifício está situado na grande Avenida dos Aliados, no centro do Porto, esta também não fica de fora do programa de despedida do AXA. O artista GODMESS estará encarregue de Demensão, uma performance e instalação que pretende “deslumbrar e desconcertar” o público curioso e visitante.

A cultura mudou de sítio, mas continua bem perto

O dia 28 de novembro será o dia de despedida e convida “Todos ao AXA?”, mas será também o dia de boas vindas de um outro local. Também nos Aliados, perto da câmara do Porto, encontra-se outro edifício que, em breve, deixará de ser devoluto. A cultura vai atravessar a rua e estacionar no edifício do Montepio, que vai receber no último fim de semana de novembro – dia 28 e 29 – mais uma edição do Up Street Porto, que até então era recebida pelo AXA. O mercado urbano vai juntar obras de mais de 20 artistas da street art e da ilustração e, como é habitual, vai organizar também workshops de iniciação e aperfeiçoamento de técnicas.

Para além disso o Up Street vai apresentar o projeto LATA 65, que pretende aproximar os menos jovens a este tipo de arte, de forma a cativar novos públicos. A música também passa pelo Montepio, com quatro DJ sets e um concerto promovido pela Porta-Jazz. A entrada é, uma vez mais, livre e todos são convidados a experimentar a cultura urbana. Entre as 16h e a meia noite de sábado e as 16h e as 23h de domingo a cultura estará, agora, do outro lado da rua.