Desde 1915 que o Varzim iniciou o seu percurso no mundo do futebol e até aos dias de hoje já são muitas as histórias para contar. A presença na 1.ª Liga Portuguesa constituiu um momento de tempos áureos, mas a renovação do passado será sempre o objetivo do clube. Os escalões de formação são hoje o presente e o futuro do Varzim Sport Club, a equipa sénior subiu na última época à II Liga e a esperança é que os bons resultados se mantenham.

100 anos de existência, mas sempre jovem

A colocação de jovens na lista de convocados da Seleção Nacional demonstra que a formação deve ser um dos parâmetros primordiais, como explica Miguel Campos, coordenador desta área no clube: “O Varzim representa muito no panorama do futebol português, não só pelos 100 anos de vida, mas também pela formação que incute nos jovens, o que está ressalvado nos escalões da Seleção”. As dificuldades económicas requerem cautela por parte da estrutura diretiva, logo o empreendimento de “um processo de reestruturação” e a “organização a todos os níveis” revelam-se necessários.

Apostar nos jogadores mais novos torna-se uma forma de fazer face à falta de dinheiro, problema crónico de muitas equipas portuguesas, e que no final acabará por retribuir ao clube de formação quando as transações são feitas para equipas da primeira divisão – “A sustentabilidade financeira passa por colocar jogadores no mercado”, afirma Miguel Campos. O reverso da moeda prende-se com o facto de não conseguirem que os jovens cheguem à equipa sénior do Varzim, um dos propósitos iniciais da formação: “Muitas vezes até perdemos os atletas devido à nossa incapacidade de dar resposta”.

“Ter o Varzim juntos dos clubes nacionais, que é a I Liga” é o sonho de todos os que trabalham em prol do clube e que o apoiam incondicionalmente, os chamados “Lobos do Mar”, nome pelo qual são conhecidos os adeptos do Varzim. Bruno Alves ou Luís Neto são referências da cidade e dois dos exemplos mencionados para motivar os jovens: “uma mensagem para todos os querem ser jogadores de futebol”.

O futebol é mais do que jogar à bola

Para Quim Berto, treinador que passou da equipa B do Varzim  para o comando da equipa principal, o profissionalismo é a palavra-chave para comunicar aos jovens, sobretudo numa carreira de curta duração como a de um futebolista. “O futebol não está fácil” e o técnico acredita que “só quem está de corpo e alma e a 100% é que consegue chegar longe”, caso contrário as hipóteses de sucesso são muito remotas. As limitações não parecem impedir a formação de jogadores, aliás o Varzim é tido como um clube preparado para este desafio.

O João, o Gonçalo e o Daniel são jogadores da formação e mais do que ninguém têm a visão de quem pretende tornar-se futebolista. Uns mais do que outros, têm consciência de que esse sonho já foi mais intenso em tempos, ainda assim o amor pelo futebol permanece – “Esforço-me, mas não tenho aquele sonho que tinha há dois e três anos.”- afirma Daniel, apelidado de “Bombeiro” no plantel.

A estreita ligação da cidade ao clube adquire, para João Silva, o significado de que jogar futebol é muito mais do que a competição dentro das quatro linhas. E porque no desporto-rei, o essencial não é só saber “dar toques na bola”, Gonçalo Rodrigues reconhece que a formação do caráter é uma das lições retiradas do trabalho em equipa.

De “camisola ao peito” e com a mística da cidade a fornecer apoio, o Varzim continua a formar aqueles que serão os futuros futebolistas de Portugal.