O Palácio dos Correios, em plena Avenida dos Aliados, é desde o dia 12 de novembro palco para a exposição “As far as the mind can see” – Tão longe quanto a mente pode ver – que surge na sequência do tema da última edição da ExperimentaDesignNo Borders” – Sem Fronteiras. Este ano, a bienal chega com o conceito implícito de que é possível ver mais longe, já que não há fronteiras.

O espaço para albergar a exposição foi escolha de Paulo Cunha e Silva, antigo vereador da Cultura do Porto, que na altura sugeriu à presidente da Experimenta Design este espaço, no piso 7 do edifício do Gabinete do Munícipe, por ser “um espaço que não existe”. A resposta de Guta Moura Guedes foi rápida: “Perfeito! Fantástico! Isso é mesmo à Experimenta”.

A exposição encontra-se num espaço amplo, destruído pelo tempo, que nunca chegou a ser terminado e que estava sem uso até se tornar um local promotor do design na Invicta, ainda que temporário. Entre projetores e posters pendurados, o chão de cimento e o teto de tijolo, surge um ambiente calmo, repleto de arte para ver, ouvir e sentir a relação entre a mente, o indivíduo e a criatividade. Segundo a EXD’15, esta temática “centra-se no indivíduo, nas suas capacidades singulares de abstração e invenção, no que lhe permite ir mais além, alcançar diferentes pontos de vista e desenhar o novo”.

Com mais de 60 trabalhos expostos e 28 designers de comunicação de 15 nacionalidades diferentes, a exposição é um encontro de trabalhos em diferentes plataformas, desde posters e livros, até tapeçarias, postais e vídeos projetados.

Designers portugueses como Ana Schefer, Gonçalo Cabral, João Drumond e João Machado são alguns dos artistas nacionais que participaram com trabalhos para esta exposição, que pode ser visitada até dia 20 de dezembro.

Fotografia: Luísa Vieira de Sousa

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Desejo, tensão, transição – Percursos do Design Português

Já na “terra de horizonte e mar”, Matosinhos, “Desejo, tensão, transição – Percursos do Design Português” tem lugar na Galeria Nave, entre os dias 12 de novembro e 12 de março. Organizada pela Câmara Municipal de Matosinhos, EXD’15 e ESAD IDEA, a exposição abarca diversas áreas, desde o design de produto ao editorial, do design multimédia ao mobiliário.

Seguindo as setas, encontra-se Brincadeira com Função, uma reunião de formas de re-interpretação técnica, material, funcional e simbólica de objetos e da sua interação com quem os utiliza. A abrangência da exposição é logo de seguida comprovada. A cerâmica aliada à Geometria das Cores, mostra o arquivo da Fábrica de Cerâmica de Sacavém.

Ao longo do corredor, vê-se também “Política do Espírito”, que liga exatamente política e design no período do Estado Novo. Contemplando artes gráficas, cinema, etnografia, folcrore, teatro, revisita-se criticamente a exposição Catorze Anos de Política do Espírito (SNI, 1948). Pelo caminho, há bancos e cadeiras reinventados. São parte do módulo Sentar, que reúne tudo o que tenha essa mesma função, conjugando o diálogo da história com a produção contemporânea.

Depois de Sentar, Usar e não deitar fora, a cerâmica e a sua produção em Portugal são aqui aliadas à produção em série e ao contexto industrial. Vista Alegre, nome de um outro módulo e da marca que não precisa de apresentação, traz peças contemporâneas, reforçando a aliança entre a tradição e a modernidade, a arte e o design e a tecnologia.

Sob uma mesa de vidro, Olaio. Uma seleção de desenhos de ambientes e peças de mobiliário desenvolvidas para produção da Fábrica Olaio. É na vertical que é apresentado o módulo seguinte. Wide – Symbols & Logos Portugal dá a conhecer as marcas em Portugal nos últimos 10 anos, através daquilo que é considerado a essência da sua representação das marcas: o logótipo. A par desta exposição, surge Tipos, sobre o design de tipos de letra em Portugal.

“O cartaz vive pouco no seu tempo”, mas aqui, “é o tempo que passou e que continua a existir”. A cultura e os seus cartazes surgem, assim, em Sobre(a)posiçãoA Alegria é a Coisa Mais Séria da Vida. Se não o sabia, passa a saber. A história do desenho humorístico desde o final do século XIX aos nossos dias.

Best Portuguese Book Designs – Melhores livros de design portugueses – fala por si só. Segue-se Desenhar o Modernismo, um conjunto de material de António Soares, figura maior da ilustração e do design português da primeira metade do século XX, que introduz à compreensão do Modernismo em Portugal.

Escola do Porto, Entre a Arquitetura e o Design apresenta objetos de design de arquitetos de várias gerações formados na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). No mesmo espaço, Edição Limitada questiona fronteiras disciplinares do design, com peças únicas e de série limitada. Por último, a relação entre imagem e música invade quem por aqui passa. Em Synesthesia, partindo do universo da edição independente contemporânea, livre de pressões, são quatro os “ecrãs” que nos contam histórias.

Por volta das cinco e meia da tarde, a exposição fecha. O escuro lá fora contrasta com o brilho da arte que se encontra nas galerias. Uma coisa é certa, em Matosinhos ou no Porto, a ExperimentaDesign abstrai os visitantes do mundo, permitindo, contudo, olhá-lo de outra forma.

Fotografia: Luísa Vieira de Sousa

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