Nesta terça-feira 1.º de dezembro, pelo final da manhã, deu-se no Coliseu do Porto uma sessão liderada por Eduardo Paz Barroso que contou também com a presença de Rui Moreira. O presidente da associação Amigos do Coliseu, encarregue da gestão e organização da sala de espetáculos, e o presidente da câmara do Porto, que agora também se ocupa do pelouro da Cultura da cidade, estiveram em conjunto a fazer uma retrospetiva deste ano de 2015 e divulgaram algumas projeções para o próximo.

Eduardo Paz Barroso, em funções desde Setembro 2014, começou a sessão por sublinhar o “papel ativo na cidade” que possui o Coliseu, referindo que o mesmo “marca sempre a sua presença” no panorama cultural do Porto. Debruçou-se sobre a missão que tinha para o Coliseu durante este ano, explicando que a mesma se encontrava assente em três eixos fundamentais.

O primeiro é o reforçar a ligação entre o mundo do espetáculo e o seu público. Um dos objetivos do Coliseu é o de atrair novos públicos e envolver mais as pessoas com os artistas. O segundo tem a ver com a racionalização dos custos, que tem sido efetuada maioritariamente com a profissionalização de toda a estrutura de gestão do Coliseu e também a melhoria de preços. O terceiro eixo é o da mobilização de maiores receitas. Este último ponto foca-se mais na perspetiva da angariação de apoios institucionais e parcerias. Nesse sentido, o Coliseu do Porto reforçou-se este ano através de parcerias, nomeadamente com a ESMAE e sobretudo o Balleteatro, que já tinha sido indicada no JPN.

Há Circo!

O Monumental Circo será a última grande iniciativa do Coliseu do Porto antes de dar por encerrado o ano de 2015. Com as receitas destes eventos, o Coliseu conta equilibrar o défice para este ano. O circo irá iniciar-se a 11 de dezembro e terá fim a 3 de janeiro do próximo ano. É um “projeto importante da cidade”, que sempre foi “emblemático para o Coliseu”, segundo o seu diretor.

Irá contar com disciplinas artísticas como equilibrismo, acrobacias e trapézio assim como trampolins. Como seria de esperar, contará também com malabarismos, palhaços e espetáculos de magia. Para essas atuações, estarão presentes acrobatas internacionais vindos de lugares como Espanha, Reino Unido, Itália ou até China.

Eduardo Paz Barroso também sublinhou os apoios essenciais que foram recebidos em 2015, nomeadamente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), mecenas do projeto, a Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), e outras instituições locais como a Porto Lazer, a Casa da Música, a fundação de Serralves ou os Teatros Municipais do Porto.

Segundo o representante do Coliseu, estas parcerias estratégicas e a sua manutenção são “testemunho de como o Coliseu tem crescido”. Para Eduardo Paz Barroso, “o Coliseu não pode ser barriga de aluguer”, no sentido em que não pode ser sempre usado para o mesmo tipo de programação, pelo que precisa constantemente “de se reinventar”.

De facto, Eduardo Paz Barroso tentou defender este alegado crescimento com factos e números. Até à data, foram realizados 127 espetáculos, um aumento de 23% em relação aos 104 realizados no ano de 2014. O diretor sublinhou novamente esse mesmo peso que as parcerias internas têm no órgão cultural, ao mencionar que desses 127 espetáculos, 60 são de produção própria do Coliseu ou pelo menos fruto dessas parcerias. Representa quase metade das produções , o que demonstra uma dinamização da cultura pela cidade através dessas iniciativas próprias. Neste “ícone do Porto”, como lhe apelidou Eduardo Paz Barroso, passaram durante este ano 218 mil espetadores, um aumento em relação aos 188 mil atingidos no ano anterior.

Este aumento deveu-se maioritariamente, nas palavras do seu diretor, a uma ativação forte da marca do Coliseu, que se “tem vindo a afirmar cada vez mais”. Usando como exemplo as Jam Sessions dos alunos da ESMAE que têm decorrido no Bar do Coliseu, espaço que era antes abandonado, o mesmo referiu ainda que “o Coliseu é um lugar de alegria”, citando-o como um “exemplo de capacidade para enfrentar desafios”.

“A câmara nunca deixará este projeto”

Depois de Eduardo Paz Barroso, foi a vez de Rui Moreira falar. O agora responsável pelo pelouro da Cultura teceu rasgados elogios ao trabalho desenvolvido por Eduardo Paz Barroso e a sua equipa desde a sua entrada em funções, notando o “grande empenho” que os mesmos tinham vindo a oferecer para a recuperação e a mudança estratégica deste órgão cultural. Elogiou também a parceria feita entre a instituição e o Balleteatro, que destacou como ajuda para dinamizar a programação, e a formação que é desempenhada naquele local.

O presidente da câmara revelou que o Coliseu se trata de uma aliança estratégica entre a própria autarquia, o Conselho da Área Metropolitana do Porto e o agora Ministério da Cultura, afirmando de forma categórica que “a câmara nunca deixará este projeto”. Dissertando sobre a concorrência a nível cultural existente na cidade, o presidente da câmara insistiu que essa “concorrência é saudável”, explicando que, na sua opinião, “a cidade tem capacidade de gerar tanto novos públicos como públicos cruzados”. Com isto, entende que os públicos se adaptem e visitem todos os locais com oferta cultural em vez de ter o hábito de ir para apenas um. Segundo o mesmo, “não há concorrência, há complementaridade”. “São públicos de todo o lado”, referiu Rui Moreira.

Foi ainda crítico da falta de ajuda que tem notado por parte dos outros parceiros institucionais, nomeadamente do Conselho Metropolitano. “Se não podem participar financeiramente, há outras maneiras”, mencionou o autarca, referindo-se à divulgação ou incentivos ao público, como exemplos.

“Deixar para trás o caminho de letargia”

Para 2016, os objetivos do coliseu passam por “fidelizar os seus públicos”, e “deixar para trás o caminho de letargia que tinha seguido”. Outros dos pontos fulcrais do programa para o próximo ano é a “requalificação da ópera” e trazer o melhor que se faz no género ao Coliseu.

Foram divulgados alguns dos espetáculos que terão lugar nessa sala, dos quais se destacam um concerto do grupo Os Azeitonas a 23 de Janeiro, da banda de heavy metal americana Machine Head a 6 de fevereiro. Ainda se salientam as atuações especiais que terão lugar no Coliseu, dadas pelo par de cantores Miguel Araújo e António Zambujo, que irão decorrer entre o 24 e o 28 de fevereiro e a 24 de março.

Outra das grandes apostas do Coliseu para o próximo ano é a requalificação da Ópera, tipo de espetáculos que pretende trazer de volta. “Há uma ausência de Ópera no Porto”, referiu Eduardo Paz Barroso, dizendo ainda que a primeira onda de espetáculos desse tipo irá decorrer depois do verão, na altura da “rentrée” normal. “O Coliseu é um edifício mutante”, afirmou o seu diretor.