Quem segue a página oficial de facebook da Comic Con Portugal ou já esteve presente numa das edições do evento, certamente conhece Joe Reitman. A personalidade brincalhona de Joe não passa despercebida nos vídeos que anunciam os convidados da convenção. Além de ator, diretor e produtor, o americano é um dos responsáveis pelo talento presente na Comic Con Portugal.

Em 2014, o ano de estreia da Comic Con na Exponor, as inseguranças eram muitas. Paulo Cardoso, um dos fundadores da convenção portuguesa, e Miguel Bello, encarregue da gestão dos artistas convidados, não sabiam como conseguir que nomes de Hollywood viessem a Portugal. Era preciso alguém que conhecesse tanto os organizadores do evento, como os próprios artistas para se estabelecer a relação de confiança necessária. Joe Reitman era o denominador comum.

Miguel Bello conheceu Reitman em 2007 quando o americano realizou o videoclip do single “Gone (And We Dance)” da banda de Bello, Lulla Bye. “O Miguel ligou-me e pediu-me ajuda. Imediatamente disse que sim. Comecei a fazer chamadas e foi assim que começou o meu envolvimento com a Comic Con Portugal”, disse Reitman.

O sucesso da primeira edição da convenção foi frenético. Cerca de 32 mil pessoas compraram bilhetes para verem fora dos ecrãs Natalie Dormer, Paul Blackthorne e muitos outros artistas internacionais e nacionais. Dado o êxito, as preparações para uma segunda edição começaram o mais rápido possível.

Questionado sobre o sentimento de pressão que a organização de um evento desta magnitude pode causar, Joe sorriu. “Sinto muito pouca pressão. A Comic Con cumpriu as nossas expectativas o ano passado. Contudo, o meu objetivo é sempre dar o meu melhor para que não possa ficar desiludido. Eu trabalho para trazer cá o talento, mas não sou eu quem constrói tudo, sabes? Eu só apareço com os artistas que convidei, falo com os fãs, tento promover o evento e ser a melhor pessoa que consigo ser para todos”, confessou.

As melhorias na gestão do espaço na Exponor e a adição de mais atividades resultou. Os 10 mil metros quadrados extra que perfizeram um total de 45 mil metros quadrados de muita diversão e cultura atraíram 53 mil visitantes, mais 21 mil comparativamente com o ano passado. Até o lema do ano passado “I Just Want To Be A Superhero” foi alterado para “Be Whatever You Want” para abranger tudo aquilo que a convenção representa: super-heróis, cosplay, videojogos, cinema e muito mais, segundo a opinião pessoal de Reitman. Porém, apesar de todo o progresso feito, há circunstâncias que não se podem controlar, como o cancelamento da visita de artistas a Portugal.

O encanto da cidade do Porto

Por motivos de agenda, Jason Mamoa, conhecido por interpretar Khal Drogo na aclamada série Game of Thrones, e Linden Ashby e Susan Walters do elenco de Teen Wolf, não puderam estar presentes na Exponor. “O Jason Mamoa não é o Jason Mamoa sem a sua profissão, por isso temos que aceitar que às vezes o trabalho põe-se no caminho”, declarou. “Quando alguém tão importante como o Jason Mamoa cancela, é difícil encontrar alguém com a mesma importância para o público para substituir num prazo tão curto.”

A conciliação de horários é o maior desafio que Joe Reitman enfrenta. Grande parte dos artistas que preenchem o horário da Comic Con vivem nos Estados Unidos. Além da distância, a própria data da convenção complica a situação. “A maioria das séries entram na fase de produção durante dezembro. Os atores têm férias para o Dia de Ação de Graças e logo depois para o Natal. Sobra pouco tempo entretanto para o que quer que seja. Por isso, o desafio passa por encontrar pessoas que se enquadrem com o público alvo da Comic Con e que estejam livres durante este período”, afirmou Reitman.

Apesar dos contratempos e dificuldades que possam surgir, a verdade é que a Comic Con já deu a conhecer a cidade do Porto a diversos atores de renome internacional. É comum ouvir os artistas comentarem a beleza da cidade durante os painéis ou ver fotos nas contas oficiais de Instagram. Joe Reitman defende que o encanto do Porto é uma das razões principais pela qual os artistas aceitam vir. “O Paul [Blackthorne] disse-me antes de ir embora que, se eu precisasse de alguém para recomendar a Comic Con Portugal, era só lhe ligar que ele falava com quem fosse preciso. Ele amou a cidade. Disse-me o quão foi bem tratado foi e que as pessoas não só deviam vir, como têm que vir”, contou.

A Comic Con Portugal tem, assim, marcado a história cultural do Porto e de Portugal e, com todo o sucesso que tem conseguido, os fãs anseiam por mais.

Fotografia: Tatiana Carvalho 

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