A comunidade de Paranhos esteve na passada terça-feira, dia 8 de dezembro, ao rubro. Foi divulgado em comunicado que o clube da terra iria regressar ao seu nome de origem, “Sport Comércio e Salgueiros”, a partir da próxima época, deixando para trás o nome de Sport Clube Salgueiros 08.
Em 2008, tinha sido necessário criar uma nova entidade a partir do zero de forma a garantir a continuidade do clube nas competições nacionais, devido ao processo de insolvência pelo qual passou durante esse mesmo ano. O nome escolhido na altura foi Sport Clube Salgueiros 08 – abreviado como Salgueiros 08 – que marcou um recomeçar forçado para o clube histórico da área do Porto com mais de um século.
Mas não foi só o nome que o clube conseguiu agora recuperar. Na realidade, ainda regressou com ele o símbolo original e o equipamento do emblema salgueirista. O processo de recuperação “não foi muito complexo”, disse Silvestre Pereira ao JPN. Segundo explicou o presidente do clube, esta recuperação já era um objetivo desde o momento em que o clube ficou naquelas circunstâncias. “O clube antigo estava insolvente e entretanto foi tudo a leilão, entre os quais o emblema, a marca, entre outras coisas”, recordou o próprio.
O que o Salgueiros conseguiu foi negociar com os administradores dessa insolvência para proceder à aquisição do emblema, da marca e da bandeira. “Assim poderemos estar em condições de retomar a imagem do antigo clube de Salgueiros”, revelou o dirigente.
Esta recuperação da identidade foi apresentada como surpresa durante a inauguração da nova sede social do clube desportivo, na rua Leonardo Coimbra. Estas novas instalações, cedidas pela câmara do Porto, marcam portanto o regresso do clube não só às suas origens enquanto marca, mas também às suas origens geográficas, em Paranhos. A inauguração desta nova sede decorreu na passada terça-feira, data que marcou precisamente o 104.º aniversário do clube, que contou inclusivamente com a presença do presidente da câmara, Rui Moreira, e Alberto Machado, presidente da junta de freguesia de Paranhos (JFP).
Para além disso, Silvestre Pereira olha para o futuro e prevê que as instalações permitam à comunidade de Paranhos o seu uso, através da “disponibilização de espaços como o anfiteatro, para apoiar aquilo que for necessário”.
“Um retomar da história do clube”
“Penso que seria o anseio de qualquer salgueirista”, respondeu o presidente quando questionado sobre a importância desse regresso às origens do clube. “Nós não gostamos que nos troquem o nome ou sermos obrigados a mudar o nome por um motivo qualquer”, notou. Por isso, “naturalmente”, este retorno ao nome e emblema originais representa “um retomar da história do clube”.
Esta surpresa foi recebida de forma “muito emocionada” pelos que estavam presentes, segundo descreveu o dirigente, com “muitas pessoas de lágrima no olho porque pensavam que isto já não seria possível”. Tratou-se de “uma emoção de alegria que deu uma esperança muito grande, no sentido de que o futuro é hoje mais risonho, é mais perspetivado em termos de criar condições para que o Salgueiros volte ao lugar onde já esteve”.
O líder do clube classifica esta série de acontecimentos como sendo “o recomeçar de novo de tudo aquilo que o clube foi antigamente”. Acrescentou ainda tratar-se, na sua opinião, de “criar condições para que os antigos associados regressem e que esse número aumente de forma significativa”, e também para que o clube “também consiga crescer por aí, o que é fundamental”.
Agora, a curto prazo, as prioridades para o clube serão “resolver estas matérias”, relativamente à recuperação de outras partes. Depois disso, o objetivo será “a busca de soluções de outras estruturas para o funcionamento do clube em casa própria”. Em termos concretos, isto significará “ter um campo, ter um espaço onde a formação de futebol e outras modalidades possam desenvolver as suas atividades”.
Assim, espera-se ser possível dar como terminado o período “de mala às costas”. “Para termos a nossa casa e não em casas emprestadas ou alugadas que não só têm custos enormes como também pelo facto de não ser nosso”, reforçou Silvestre Pereira como sendo um dos objetivos fundamentais. “Esperemos que vamos conseguir isso”, rematou.