A vontade de marcar a diferença na vida de crianças num estado de saúde frágil e nas suas famílias surgiu há dois anos, pela mão Diogo Cruz, na altura estudante da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Desde a fundação da U.Dream e da sua apresentação pública, em março do ano passado, que mais de 100 estudantes universitários têm trabalhado, todos os dias, para fazer do mundo um lugar um pouco melhor.

A empresa social júnior pioneira no país – como gosta de ser assinalada – surge agora com uma nova cara, mas com o mesmo objetivo. “Somos o Porto que ainda não conheces” é o mote da campanha que começa esta segunda feira, dia 14 de dezembro, nas ruas do Porto. “O primeiro grande objetivo é de dar a conhecer aquele que foi o nosso trabalho durante dois anos e também, no fundo, dar a conhecer às pessoas a possibilidade de como é que podem colaborar connosco”, indica Diogo Mendes, o atual presidente da U.Dream. Durante cinco dias, a rua de Santa Catarina vai encher-se de flores e no dia 18 de dezembro “qualquer carro pode ser multado com um sonho e é possível a cada condutor recolher um sorriso no trânsito matinal da Areosa”.

Despertar para o dever social de ajudar e mudar a vida das pessoas, nem que por ínfimos momentos. É o que propõe a equipa feita de jovens com vontades que apresenta a U.Dream renovada e prova que há outras formas de contribuir, que não apenas com donativos. É esse o segundo propósito da campanha. “Se nós queremos ser vistos como um projeto diferente, também temos de comunicar de forma diferente”, refere o presidente da empresa. Para isso, a U.Dream deixa de lado as campanhas tradicionais e desafia os seus colaboradores a proporcionar aos portuenses momentos especiais que os marquem, de forma inovadora e diferente do habitual.

“É importante que as pessoas nos guardem com aquele carinho: a U.Dream foram aqueles que me fizeram naquele dia uma coisa especial, lembrar o quão importante é o sorrir, o quão importante é dizer às pessoas o quanto gosto delas, o quão importante é eu ver a vida de uma forma positiva”, explica Diogo. E para isso, nada melhor que surpreender logo pela manhã, os carros parados nos semáforos das Antas ou, ainda, receber uma mensagem especial no dia 21 de dezembro quando tomar café na baixa do Porto.

Quer ajudar a concretizar um sonho?

O projeto é feito por estudantes universitários e, por isso, apenas os mesmos podem ser U.Dreamers. Ainda assim, se adquirir o cartão de sócio também está a ajudar. Este pode ser mensal ou anual, com um valor de cinco euros por mês ou doze euros por ano. As opções – Hero e Friend – oferecem vantagens variáveis aos sócios e estão todas disponíveis aqui

Fazer crescer a U.Dream

As campanhas, adianta Diogo Mendes, vão começar a ser mensais. No futuro a empresa pretende chegar às cidades vizinhas de Braga e Aveiro, para posteriormente se alastrar ainda mais. O motor que faz esta máquina de sorrisos trabalhar é, sem dúvida, a vontade dos estudantes universitários que até hoje já realizaram mais de 25 sonhos e que querem ser vistos como “agentes de mudança na sociedade”. E se no início a empresa arrancou com o propósito de mudar a vida das crianças – não só realizar sonhos, mas também acompanhá-las durante um período de pelo menos três meses -, atualmente é bem mais do que isso.

“Hoje em dia já é uma mentalidade, já é uma forma de estar e é assim que gostamos de ver a U.Dream, como uma coisa muito positiva que entra na nossa e na vida de todas as pessoas com que nos cruzamos”, explica Diogo Mendes. Mas como é que tudo isto funciona? O mecanismo é o de aliar as capacidades dos estudantes às necessidades de empresas parceiras para, depois, conseguir realizar o sonho das crianças. Para o presidente da empresa social, a autosustentabilidade da própria é o fator diferenciador de todas as outras e é o que a alimenta e faz continuar. Assim, cada criança e família tem, durante, três meses, alguém novo na sua vida. Depois, através do apadrinhamento, esse laço continua. “Vamos ter sempre um estudante universitário cheio de força, energia e vontade, junto destas famílias que precisam de ajuda, sempre a fazer a diferença”, declara.

Um mundo de sonhos

Os dois anos de trabalho traduzem-se em 29 sonhos cumpridos. Todos os dias a equipa da U.Dream trabalha para melhorar, não só a vida de crianças com uma situação de saúde complicada, mas também a vida das suas famílias. Diariamente o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto recebe jovens motivados e todas as semanas os sorrisos dos universitários chegam à Fundação Infantil Ronald McDonal e ao Centro Raríssimas da Maia.

Diogo Mendes explica ao JPN que os sonhos, esses, são variáveis: há os partilhados e os individuais. Os sonhos partilhados são dirigidos a instituições, a crianças que foram, por exemplo, retiradas aos pais. “A essas crianças e nessas instituições nós proporcionamos momentos que elas nunca teriam por estarem na situação em que estão”, indica. O presidente da empresa recorda, o campismo “modo Aloha” de um lar de meninas ou, ainda, a viagem aos Portugal dos Pequeninos ou ao Natal de Óbidos. Os individuais exigem um bocadinho mais de tempo e trabalho.

A preocupação principal é que sejam sonhos com significado e que deixem uma marca positiva. “É fundamental que todos os nossos sonhos tenham impacto a longo prazo. Se o sonhos estiver a ser planeado e não tiver impacto a longo prazo, ele nunca vai para a frente até que isso aconteça”, expõe Diogo. Uma vez que a empresa social trabalha com crianças de diferentes patologias, desde a oncologia a paralisia cerebral, há sonhos variáveis, de maior ou menos envergadura. Os dois últimos consistiram numa viagem a Paris para a família da Nair e num encontro do Ivo com o Cristiano Ronaldo, em Madrid.

Mas há sonhos que podem ir mais longe. Diogo Mendes recorda ainda o sonhos de Luís, um menino que já faleceu. Numa primeira fase, a criança teve oportunidade de conhecer Ricardo Quaresma e os Super Dragões e, numa fase posterior, uma vez que a família ia ficar sem casa, a U.Dream conseguiu disponibilizar uma casa nova e mobilada e uma empresa que garantisse o pagamento da renda até ao final do ano.

“É muito especial saber que podemos melhorar a vida das pessoas sendo exatamente a pessoa que somos e utilizando as nossas capacidades. E passado algum tempo de realizarmos os sonhos, fomo-nos apercebendo que aquilo é realmente especial pela forma como abordamos as famílias e as acompanhamos”, conclui Diogo Mendes que apesar de estar a tirar uma pós graduação na Católica Porto Business School (CPBS), parceira do projeto, se dedica por completo a esta fábrica de sonhos.