Matemática, computadores, arbitragem. As três áreas não se complementam, mas fazem as três sentido na vida de João Santos. O estudante da Universidade do Porto (UP) divide a sua vida entre a faculdade e o campo, ainda que muitas vezes não seja fácil conciliar as duas áreas. “Da forma como eu me empenho na arbitragem, muitas vezes deixo de lado algumas coisas que tenho de fazer para a faculdade ou até mesmo na vida pessoal. É preciso haver um equilíbrio”, conta, em conversa, ao JPN.

O profissional licenciou-se em Matemática pela Faculdade Ciências da Universidade do Porto (FCUP), mas decidiu que a sua jornada de aprendizagem não estava completa. Agora, aguarda pelo momento de defender a sua tese de mestrado em Ciências de Computadores, na mesma faculdade. “A arbitragem, por muito importante que seja, não a posso ver como futuro. Vou trabalhar para que o seja, mas não posso depender disso”, explica. E a verdade é que tem trabalhado.

Com apenas 25 anos, João Santos é já árbitro dos quadros do nacional da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). O percurso neste mundo iniciou-se há cinco anos, quando a sua carreira de futebolista terminou. “Eu joguei futebol durante 10 anos e quando cheguei a sénior, como andava na faculdade, comecei a ver que não tinha tempo para os treinos. Entretanto o meu pai sugeriu que fosse tirar o curso de árbitro e só vi pontos positivos, já que continuava a fazer desporto e ligado ao futebol”, relembra o estudante.

Depois de muitos jogos, treinos, testes e lições, é na época passada, na final da Taça Brali da Associação de Futebol do Porto (AFP), que se dá o momento mais marcante na carreira do jovem árbitro. “Senti que havia uma importância extra pela dimensão e mediatismo desse jogo, também pelo facto de o Conselho de Arbitragem ter demonstrado confiança suficiente em mim e na minha equipa para arbitrarmos esse encontro”, explana.

A ambição de chegar mais longe

Ainda que para João Santos a formação académica seja indispensável para o seu futuro, o jovem não esconde a ambição de alcançar a primeira categoria nacional enquanto árbitro. As suas prestações dentro do terreno de jogo valeram-lhe já o prémio de Melhor Árbitro Distrital Gaiense 2014/15 pelo jornal O Gaiense.

Aos 25 anos, João Santos é um dos árbitros mais promissores do distrito do Porto e tem um objetivo. “A curto prazo é poder ingressar no final do ano na categoria C2 [segunda categoria nacional], mas a ideia é poder concorrer a C1 [primeira categoria nacional] quando tiver entre 28 ou 29 anos”, indica ao JPN.

Ao contrário de muitos árbitros e jogadores, o mestrando da UP não tem uma referência pessoal a seguir, pois refere que “há árbitros muito diferentes mas com grande competência e qualidades muito distintas”. “Eu acho que tenho de olhar para eles não para os imitar, mas vendo-os, aperfeiçoo-me à minha maneira”.