O Ministério do Ambiente vai criar uma comissão de acompanhamento para o Festival Marés Vivas, o qual se vai realizar junto ao Estuário do Douro, anunciou esta terça-feira o gabinete do ministro Matos Fernandes.

A decisão nasce de um pedido da Câmara Municipal de Gaia (CMG) que mantém um diferendo com a Quercus em relação ao local do evento.

A comissão de acompanhamento vai ter por missão “definir medidas de minimização prévias à realização do Festival Marés Vivas, nomeadamente o local e orientação do palco, a delimitação de zonas de circulação interdita, as barreiras acústicas suplementares e todas as que se julgarem relevantes que reduzam potenciais impactos ambientais”.

A comissão, assegura a tutela, vai “acompanhar e fiscalizar as atividades ligadas ao referido festival, recolhendo informação sobre o ruído produzido e a perturbação efetiva provocada sobre a fauna local”.

Quercus satisfeita, mas pouco

A Quercus considera que a nova morada do festival Marés Vivas, deslocada cerca de um quilómetro em relação à anterior, “vai, fatalmente, perturbar as espécies existentes na Reserva Natural, em plena época de nidificação das aves”, lê-se num comunicado enviado às redações na segunda-feira.

Face o anúncio de criação de uma comissão de acompanhamento, João Branco, presidente da Direção Nacional da Quercus, assume que a associação fica “satisfeita” com a decisão, “mas só parcialmente”.

Na opinião do ambientalista, “o que o Ministério do Ambiente devia fazer é um Estudo de Impacto Ambiental”, declara ao JPN. “É positivo que se tomem medidas de minimização do impacto, mas é uma solução de recurso”, afirma.

O responsável adianta que a Quercus vai “requerer um Estudo de Impacto Ambiental ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas”. Falta saber se o pedido, ainda não apresentado, terá seguimento no organismo estatal.

Críticas da Câmara de Gaia rejeitadas

A Câmara de Gaia rejeita que a nova localização do festival Marés Vivas, imposta pela construção de três loteamentos de prédios nos terrenos anteriormente ocupados pelo evento, cause danos na Reserva Natural do Estuário do Douro.

A autarquia alude ainda a uma tentativa de aproveitamento “para levar o festival para concelhos vizinhos”, manifestando incompreensão com a posição assumida pelos ambientalistas.

João Branco reaje às acusações: “Primeiro, por nós, o festival pode ser em qualquer lado, desde que não perturbe a fauna e a flora locais. Segundo, o papel da Quercus não é entrar em polémicas com políticos ou autarcas é zelar pela conservação efetiva da natureza”, remata.