Autarcas, eurodeputados e associações de comerciantes criticaram, esta terça-feira, a decisão anunciada pela TAP de suprimir quatro rotas com partida do Porto. A companhia não vê razão para as críticas e considera que quem as faz “não está a olhar para o quadro todo”, declarou fonte oficial da TAP ao JPN.

Com todas as decisões tomadas pela nova gestão da empresa em relação à sua operação no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a TAP acredita que “os clientes vão ser melhor servidos”.

Longo curso mantém-se

A TAP decidiu suprimir as rotas que saem do Porto com destino a Barcelona, Bruxelas, Milão e Roma, a partir de 27 de março. Com partida de Lisboa, são eliminadas as rotas para Bogotá/Panamá, Gotemburgo, Hannover, Zagreb, Budapeste e Bucareste. São rotas consideradas “deficitárias” pela empresa e essa é a razão apontada para a supressão. A TAP lembra que, no caso do Porto, as “rotas têm alternativas” asseguradas por outras companhias aéreas.

A empresa aponta também a manutenção de “vários destinos europeus a partir do Porto”, de que são exemplo Madrid, Paris, Londres ou Zurique.

Mas o que a empresa acha que mais deve ser destacado, é o facto de serem mantidas as rotas transatlânticas “para as quais, de facto, os passageiros do Porto, do Norte e da Galiza não têm alternativa. Estamos a falar de Nova Iorque, do Rio de Janeiro, de São Paulo”, apontou fonte oficial da companhia.

Esse foi, aliás, o aspeto também destacado por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que, em contraste com várias opiniões registadas ao longo do dia de ontem, manifestou não estar “preocupado” com o fim destas ligações.

À lista de argumentos que, na opinião da empresa, refutam os comentários ouvidos esta terça-feira está ainda a chamada “ponte aérea” que promete reforçar a ligação Porto-Lisboa.

As negociações da operacionalidade desta “ponte aérea” ainda decorrem junto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A empresa assegura que os voos diretos vão ser fortemente reforçados, com um custo a partir dos 39 euros. “Estamos a falar de 57 voos adicionais por semana, 16 voos por dia, voos hora a hora”, declara a mesma fonte.

A operação vai passar também a ser assegurada por uma frota renovada que dos 21 anos de média de idade atuais vai passar para dois.

Receios a Norte

Os argumentos da TAP parecem não deixar descansados muitos agentes políticos e económicos da região.

A Associação Comercial do Porto, a Câmara Municipal de Gaia, o Conselho Metropolitano do Porto e a Associação de Comerciantes foram algumas das entidades que se levantaram para reprovar duramente a decisão da TAP. Falam de uma decisão “lamentável”, “injusta”, “meramente economicista”.

Alguns eurodeputados, de Paulo Rangel a Elisa Ferreira, também manifestaram a sua incompreensão. Todos, criticam a diminuição da oferta no Porto e temem efeitos sobre o turismo e sobre a economia da região.

Do lado dos que desvalorizaram a opção da TAP ficaram a Câmara do Porto e a de Matosinhos.

A TAP recorda que a empresa tem “problemas de rentabilidade conhecidos”. A eliminação de rotas deficitárias enquadra-se, assim, na estratégia delineada pela nova gestão da empresa – assumida pelo consórcio Antlantic Gateway, de David Neelman e Humberto Pedrosa em novembro. “A rentabilidade é o cerne de qualquer negócio. Ninguém melhor que as pessoas das associações comerciais, de empresários, e afins para saber isso”, rematou a fonte ouvida pelo JPN.