O Girls Lean In pretende ser uma conversa informal, para partilhar experiências e dar a conhecer projetos. A ideia base é falar sobre liderança no feminino e “desmistificar a ideia” de que as mulheres não podem chegar a lugares de topo.

Sofia Oliveira foi assistir, há um ano, ao Girls Lean In em Lisboa. Foi-lhe lançado o desafio de fazer o Girls Lean In no Porto. A partir daí “começam a surgir uma série de projetos”, conta Sofia. “É como puxar o fio do novelo e vêm muitas coisas atrás”, descreve ao JPN. O meetup acontece no Porto mensalmente, há um ano. O primeiro de 2016 aconteceu na terça-feira no Porto i/o.

“Paixão pelo que é nosso”

As mentoras do Portugal Lovers foram as convidadas do primeiro Girl Lean In deste ano. Contam que antes de criarem a própria marca, eram duas pessoas comuns à procura de trabalho. Foi nesse contexto que Cíntia Woodcock e Filipa Moredo se conheceram, no Porto.

Cíntia é lisboeta e foi o amor que a trouxe para o Norte. Filipa é de Bragança e o que a conduziu à Invicta foi o estudo. Trabalharam juntas numa associação durante meio ano, até descobrirem situações pouco claras que denunciaram à Autoridade para as Condições no Trabalho. O processo resultou no encerramento da associação.

Seguiu-se o tradicional envio de currículos, sem resposta. Na altura Cíntia assinava como “Portugal Lover”. Foi nessa altura, sentadas num café, que as duas pensaram fazer algo por conta própria. Cíntia diz que terá sido numa conversa como: “Eu tenho experiência de vários anos, tu tens vontade e também alguma experiência. Porque não arrancarmos com isto?”. Nasce, assim, a Portugal Lovers.

As duas eram formadas em Comunicação e Marketing. Para não procurar mais, criaram a sua própria rede de serviços, para ajudar outras marcas a melhorarem os seus resultados.

Os primeiros tempos foram dedicados ao ‘branding’. Nome, logótipo, imagem e assinatura: “Paixão pelo que é nosso”. Depois, para se darem a conhecer, participavam em conferências, seminários e outros eventos com o intuito de criarem uma rede de contactos. Foram bater a muitas portas. “Um ‘não’ é sempre garantido; um ‘sim’ não sabes se não tentares”, explica Filipa. No próximo mês de fevereiro, a Portugal Lovers faz o seu quarto aniversário.

Portugal Lovers e o Urban Market

O primeiro trabalho da Portugal Lovers foi a reestruturação da revista Fábrica de Talentos, do Palácio das Artes, para uma edição especial sobre Portugalidade.

Já o Urban Market é um mercado de trabalhos de autor, criado pela agência, para trazer os designers para a rua. As organizadoras conheciam muitos designers que faziam o seu trabalho em locais pouco acessíveis e por onde passava pouca gente. O Urban Market foi criado com o objetivo de dar mais público – 90% são turistas – ao design, ilustração, artesanato contemporâneo, à moda, joalharia, música e ‘street food’ em vários espaços da cidade do Porto.  Pelo caminho, ajudam na revitalização de espaços abandonados e na dinamização do centro histórico da cidade.

O apoio camarário surgiu, mais tarde, quando foram desafiadas a dinamizar o Jardim de São Lázaro. Para lá, levaram música, guitarras, um piano de cauda e afirmam que foi um sucesso. Desde há dois anos voltam todos os meses para a Praça das Cardosas, como este que o JPN acompanhou em novembro.

O próximo arranca esta sexta-feira, 29, e prolonga-se até domingo.

Empreendedorismo no feminino

Desde o início, Filipa e Cíntia tinham um plano com objetivos, que era realizado com “passinhos”. O que as move é a vontade de trabalhar e de fazer acontecer, sem desacreditar. Falam diretamente para a audiência desta edição da Girls Lean In: “É importante que percebam que pode não ser fácil, mas desde que estejam cientes que é isso mesmo que vocês querem, tudo o resto acontece”.

Sofia, Filipa e Cíntia acentuam que o primeiro impedimento é a atitude de cada pessoa, cada potencial empreendedor.

Cíntia afirma: “Nunca senti diferença ou discriminação. Acho que tem a ver com a postura que nós próprias temos, inconscientemente.”

Sofia Oliveira, que organiza o Girls Lean In no Porto, e é formada em Engenharia, considera que a mulher pode ser o seu prórpio “impedimento”: “Às vezes, não chegamos lá porque achamos que não somos capazes ou que não temos tempo, ou porque temos os filhos, ou porque temos a casa… Conseguimos fazer tudo. Se quisermos, conseguimos fazer tudo”, conclui.

O próximo Girls Lean In está marcado  para o dia 23 de fevereiro.