O escritório de arquitetura portuense Mass lab está entre os quatro finalistas do “Nordic Built Cities Challenge”, um dos concursos de arquitetura mais relevante a nível mundial. O objetivo da iniciativa é promover respostas inovadoras a desafios urbanos em países nórdicos.

Diogo Rocha, 27 anos, Duarte Fontes, 26 anos, e Lourenço Rodrigues, 27 anos, antigos estudantes da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), são os responsáveis por este feito. Os arquitetos enviaram uma proposta para a construção de um bairro residencial num terreno íngreme numa colina na cidade de Runavík, nas Ilhas Faroé.

“O problema que se coloca naquele país é que o solo é bastante rochoso e havia o desejo de mudar a forma de construção das habitações. Eles fazem grandes incisões no terreno e queriam arranjar uma alternativa para construir sem fazer essas incisões, o que aumenta o custo de obra”, refere Diogo Rocha.

Os arquitetos começaram por investigar as construções locais e tentaram misturar a contemporaneidade com os métodos de construção tradicionais das Ilhas Faroé. “O que nós procuramos é dar uma continuidade ao existente”, declara Lourenço Rodrigues.

“Foi-nos pedido para construir um aldeamento de 45 mil metros quadrados. A nossa proposta passou por aglutinar quatro casas em redor de um pátio de acesso, e à volta destas quatro casas projetámos um jardim, uma horta urbana, vários equipamentos urbanos que dessem apoio às casas”, descreve Diogo Rocha.

“Estamos a falar de uma ilha relativamente pequena onde, ao contrário das grandes cidades, há mais sentido de comunidade, de partilha”, revela Lourenço Rodrigues. Duarte Fontes explica que a proposta apresentada quer “deixar a natureza entrar”.

Os arquitetos veem neste concurso uma perspetiva de internacionalização. “Estamos a tentar afirmar-nos no mercado mundial”, conta Diogo Rocha. Os jovens não escondem o orgulho que sentem ao estar entre os quatro finalistas de um concurso de renome mundial. “Mostrámos que temos as ferramentas e as qualidades necessárias para competir ao mais alto nível”, afirma Diogo Rocha.

Estavam no escritório quando receberam a novidade. Duarte Fontes recorda a alegria e o orgulho que sentiram. “Não se trabalhou mais nesse dia”, brinca Lourenço Rodrigues. A proposta apresentada no concurso teve a colaboração de Rodrigo Bernardino.

Mass lab vai “desde o objeto até ao território”

Depois de trabalharem em vários sítios, dentro e fora do país, Diogo Rocha, Duarte Fontes e Lourenço Rodrigues formaram a Mass lab no início de 2015. “Sentíamos que era o momento de arriscar, de dar um passo em frente e tínhamos todas as capacidades. Mas claro que temos muito para aprender”, conta ao JPN Duarte Fontes.  

Fazem todo o tipo de trabalho relacionado com a arquitetura. “Vamos desde o objeto até ao território. A nossa ideia é criar um ambiente o mais criativo e dinâmico possível para gerar conquistas”, menciona Diogo Rocha. Duarte Fontes destaca o entusiasmo e a dedicação presentes no trabalho desenvolvido na Mass lab.

Sendo antigos estudantes da FAUP, os arquitetos não deixam de falar da importância da Escola do Porto no área da arquitetura, “a única Escola do mundo de onde saíram dois arquitetos que ganharam o prémio Pritzker [Souto Moura e Siza Vieira]”, refere Diogo Rocha. Lourenço Rodrigues sublinha que há “um reconhecimento no mundo da arquitetura portuguesa”.