“Sendo estudante, apercebi-me da falta de oportunidade que os próprios estudantes têm em mostrar o seu talento. Somos muito julgados por médias e pelas faculdades onde andamos e isso não é verdade. Cada um tem o seu próprio talento”, indica Bruno Silva ao JPN. E foi essa falta de oportunidade que levou o estudante de mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) a criar a U.Project, como meio de potenciar qualidades e aproximar os estudantes do mercado de trabalho.

A ideia inicial era dar seguimento a projetos e trabalhos escolares que ficavam inacabados durante as aulas. Com a entrada para o programa da Escola de Startups do UPTEC, em setembro de 2015, o projeto ganhou forma e mudou de rumo. Hoje, a U.Project quer fazer a ponte entre os estudantes e locais que possam aproveitar as mais-valias de cada um deles.

Mas que locais? As “startups”. “As ‘startups’ são totalmente diferentes das empresas grandes e estão à procura de gente nova, inovadora, qualificada, que permita à equipa um meio diferenciador”, esclarece Bruno Silva.

A colaboração é a chave para fazer a máquina funcionar. Se por um lado há jovens com vontade de adquirir experiência no mundo do trabalho, por outro há “startups” interessadas em ideias fora da caixa. A U.Project estabelece a ligação entre as partes interessadas, ajudando os estudantes a ganharem dinheiro enquanto estão na universidade e os projetos a crescerem no mercado.

Ainda que a apresentação formal do projeto esteja marcada para o dia 18 de fevereiro, no próximo Pitch Day do UPTEC, já há estudantes e “startups” interessadas em participar. Os últimos meses serviram para limar arestas, rever detalhes, suprimir problemas e está quase tudo pronto para arrancar.

A equipa da U.Project está a trabalhar na página “online” do projeto, que será uma ferramenta essencial para criar pontes e ligações. “[O ‘site’] vai permitir que os estudantes se inscrevam na nossa organização e as ‘startups’ também”, refere o presidente.

A par disso, a equipa está a preparar a comunicação e o marketing associados a uma campanha de “crowdfunding”, para obter fundos que permitam legalizar a organização e o seu funcionamento durante um ano. Esta campanha conta com o apoio da “startup” EcoBook, uma das parceiras do projeto. A iniciativa conta ainda com parceiros de outros pontos do país e do estrangeiro, uma  vez que o objetivo é expandir.

O processo

O trabalho da U.Project é fazer o “match” entre o que uma “startup” precisa e o que um estudante tem para oferecer, diminuindo as burocracias. Após a pré-seleção, a “startup” que está a contratar pode escolher entre os candidatos indicados pela organização ou atribuir à organização o poder de escolher o melhor candidato para a tarefa pedida.

Além de se adaptar às necessidades específicas de cada “startup”, a U.Project vê as necessidades dos estudantes como algo indispensável no processo de seleção dos candidatos. “O estudante também tem as suas preferências, também vemos aquilo que o lado do estudante quer. É muito adaptativo. Nós pretendemos adaptar-nos aos dois lados. E é dar aquilo que nenhum dos lado tem: que é alguém que se ponha na pele deles, perceba a sua realidade e faça jus às necessidades que têm”, explica o fundador do projeto.

Meio diferenciador e multidisciplinar

Uma Organização Sem Fins Lucrativos. É assim que Bruno Silva caracteriza a U.Project, que conta com quatro membros para além do presidente. Uma premissa é que todos sejam estudantes, uma vez que é com e para estudantes que o projeto trabalha.

“É tudo em regime de voluntariado para tentar levar este projeto à frente, de alma e espírito e amor à camisola. Estamos todos a dar tudo o que temos para levar este projeto a melhor porto”, refere Bruno Silva.

Os envolvidos na U.Project são das mais variadas áreas, o que tem sido uma grande mais-valia para aprender a lidar com diferentes situações. O percurso desenvolvido no UPTEC é apontado pelo presidente como fundamental para validar o projeto e fazê-lo crescer. “Todas as ‘startups’ se ajudam umas às outras, não é num nível de competição, todas estão a tentar validar a ideia do outro. É fazer um bocado de ‘advogado do diabo’ das ideias uns dos outros para que todos cresçam. O UPTEC tem o ecossistema perfeito para isso, é fantástico. Eu sei que a minha ideia a partir do momento que entrou lá teve uma revolução total e agora é sustentável e está pronta para se lançar”, conclui Bruno Silva.