Uma equipa de cientistas norte-americanos, do Instituto Wake Forest, desenvolveu uma técnica que pode ser revolucionária nos processos de implantes e na medicina regenerativa.

Os cientistas imprimiram tecido com a forma de uma orelha e implantaram-no em ratos. A estrutura acabou por se transformar em tecido funcional, tendo até criado um sistema de vasos sanguíneos. Estes resultados abrem assim caminho para que a técnica possa ser aplicada no corpo humano.

Mário Barbosa, responsável pelo Laboratório de Medicina Regenerativa e docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) explicou ao JPN que o processo consiste em “utilizar células que estão em materiais”, para que depois se possa fazer a “implantação no organismo”. Depois, “as células do próprio paciente” vão encarregar-se de “promover a regeneração do tecido”.

O processo

“O material e as células são associadas fora do organismo. O que a máquina faz é construir um protótipo de tecido fora do organismo. Depois, esse protótipo é inserido no organismo a promover a regeneração de tecidos”, explica o professor universitário.

Desta forma, “não é a máquina que vai trazer uma alteração fundamental naquilo que são as estratégias da medicina regenerativa”, esclareceu o docente. A máquina vai “permitir que os tecidos sejam produzidos de uma forma mais reprodutível do que com outras tecnologias” promovendo assim uma maior regeneração dos tecidos e resultados mais eficazes.

O desenvolvimento por cá

Mário Barbosa acredita que esta tecnologia está “tão acessível em Portugal como qualquer outra” e assegura que as máquinas de impressão de estruturas tridimensionais já existem, inclusive no Laboratório de Medicina Regenerativa do ICBAS.

Para Mário Barbosa, o estado de desenvolvimento da medicina regenerativa em Portugal é “semelhante àquilo que ocorre nos outros países” e salienta que se “fazem coisas tão avançadas como nos EUA”. Este tipo de tecnologia é também desenvolvida no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), na Universidade do Minho (UM) e na Universidade de Coimbra (UC).

O investigador afirma que “Portugal não deve nada ao que se faz lá fora” e que, ao nível da divulgação científica, há um “reconhecimento que deve orgulhar os portugueses”.

Artigo editado por Sara Gerivaz