A Associação de Antigos Alunos da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) emitiu um comunicado em que acusa a presidência do Instituto Politécnico do Porto (IPP) de tratar estudantes e docentes “como meras mercadorias que se mudam de um armazém para outro”.

No comunicado, os antigos alunos afirmam que a reestruturação do IPP foi um processo “atabalhoado, com inconsistências, com remendos e arranjos de última hora”, onde não foram considerados os pareceres dos diferentes órgãos das várias escolas que constituem o Politécnico.

Vítor Hugo Lopes, da Associação dos Antigos Alunos da ESEIG, considera que as transições dos cursos da ESEIG para outras escolas são tratadas como “meros detalhes”, uma vez que “primeiro se faz a reestruturação e depois vê-se o que se faz a seguir”.

“Por isso é que nós reforçamos a ideia de que isto foi feito sem transparência e com urgência na resolução destas situações, para que as pessoas tivessem o menos esclarecimento possível e fossem confrontadas com uma situação de inevitáveis”, explica ao JPN o assinante do comunicado. Vítor Lopes reforça a ideia que a reestruturação foi feita “em cima do joelho”, o que faz com que o processo de mudanças no IPP “não tenha credibilidade”.

“Do ponto de vista regional a questão da especialização não abre campo, por exemplo, na questão da visão global foi definido o ‘cluster’ do mar. A manutenção da marca ESEIG, por exemplo, permitiria que nos concelhos de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, fosse possível dar início a esse ‘cluster’ com cursos ligados a engenharia naval, às pescas ou nalguma vertente dessa área que são para aquela região excecionais. Ou seja, é muito específico e limita a potencialidade de crescimento o que é muito mau do nosso ponto de vista”, explana o ex-aluno.

Questão que a Câmara Municipal de Vila do Conde não vê da mesma forma. Para a autarquia, que tem acompanhado a reestruturação do Politécnico, o processo “permitiu acautelar que o pólo de Ensino Superior sediado em Vila do Conde/Póvoa de Varzim reforçasse a sua importância no contexto local e na estrutura do IPP”.

“Estão reunidas as condições para o reforço do interesse, para Vila do Conde, de uma Escola Superior de Media e Design e da única Escola Superior de Turismo do Norte de Portugal, o que está em concordância com os objetivos estratégicos do Município”, indica a autarquia ao JPN.

Petição e protesto contra reestruturação

A associação de ex-alunos lançou esta terça-feira uma petição contra a reformulação do Politécnico. O objetivo é que o documento chegue à Assembleia da República. Esta iniciativa é uma das quatro ações que a Associação dos Antigos Alunos da ESEIG prevê realizar. No dia em que se comemora o 31º aniversário do Politécnico está agendada um protesto no teatro Rivoli. 

Vítor Hugo Lopes acredita que “há um esforço por parte da direção da ESEIG e do Politécnico no sentido de calar a contestação”. O presidente da Associação de Estudantes da ESEIG (AEESEIG), Diogo Peixoto, por sua vez, indica ao JPN que vai ser feito um referendo na escola, no sentido de perceber qual a opinião dos alunos relativamente à reestruturação, para tentar saber a opinião de todos.

Apesar de não ter dados concretos, informa que conhece algumas reações. Numa sessão de esclarecimento, na passada segunda-feira, “Hotelaria, Design, e Tecnologias da Web mostraram que estão agradados com essa mudança. Já, contabilidade mostrou uma grande revolta entre os alunos. Recursos Humanos não teve muitos representantes porque estão em época de estágio e, por isso, não puderam comparecer”.

Diogo Peixoto informa também que o referendo só vai ser realizado nesta altura, uma vez que quando foi conhecida a reestruturação do Politécnico, os alunos estavam em período de exames. Facto que é também criticado no comunicado da Associação dos Antigos Alunos asa ESEIG: “o calendário escolhido para este processo não parece, é displicente, na medida em que limita a possibilidade de esclarecimento e/ou contestação dos alunos e corpo docente das diferentes escolas em virtude da época de exames que decorreu”.

Ainda assim, o presidente da AEESEIG, Diogo Peixoto, informa que foi realizada uma reunião, informal, para explicar o processo de reforma formativa do Politécnico. Nessa reunião compareceram poucos alunos, mas os presentes mostraram preocupação.

Artigo editado por Sara Gerivaz