Cansados das constantes mudanças, os contabilistas certificados criaram uma petição que exige “mais respeito para com os Contabilistas Certificados e os contribuintes em geral”. Em causa está a falta de ferramentas que funcionem “atempadamente e bem” e a falta de organização por parte do Estado.

Com a petição, assinada já por perto de 350 pessoas, os profissionais reivindicam o direito de ser consultados sempre que o Governo decida alterar alguma lei fiscal, uma vez que são “aqueles que mais conhecem a realidade económica dos contribuintes”.

José Manuel Mota tem 58 anos e é contabilista há 25. Assinou a petição por se sentir “usado” e por considerar que os contabilistas são “os criados não pagos do Estado”.

O contabilista ouvido pelo JPN defende que as constantes mudanças nas leis dificultam o dia a dia da profissão: “Andamos sempre a mudar. Muda o Governo, muda a lei. Há um novo orçamento de estado, altera-se tudo e, assim, ao aparecer um cliente, é impossível fazer uma previsão fiável”.

José Manuel Mota acusa o Estado de não conhecer a realidade do terreno e queixa-se que as ferramentas disponibilizadas não se ajustam à realidade laboral. “Nós debatemo-nos diariamente com imensas dificuldades, com dificuldades no portal das finanças e na ligação para a linha que nos disponibilizam e, assim, é difícil trabalhar numa situação destas”, afirma.

A recente introdução da e-fatura serve de exemplo. Para o contabilista, a plataforma “deveria ter sido primeiro testada” e adequada à realidade do país, uma vez que “quem não tiver acesso à Internet ou a um amigo que lhes faça o trabalho perde os benefícios todos”.

O contabilista acusa, ainda, o Estado de adiar o prazo para a validação das faturas, porque o próprio “não tinha validado” as suas faturas. “As faturas que diziam respeito a consultas dos hospitais e dos postos de saúde não estavam introduzidas no portal das finanças” quando o prazo de entrega terminou, garante.

José defende que “falta alguém que não seja só de gabinete”, alguém que oiça “quem sente as dificuldades na pele” e “fale com quem está no terreno”. O contabilista queixa-se, ainda, da falta de apoio da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC).

O JPN contactou a OCC para comentar o conteúdo da petição, mas até à publicação deste artigo não foi possível obter uma reação.

 

Artigo editado por Filipa Silva