Perante uma audiência maioritariamente constituída por estudantes do Mestrado de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), os convidados começaram por se apresentar. Maria Flor Pedroso iniciou o seu percurso jornalístico na rádio em 1984 e é repórter parlamentar na Assembleia da República desde 1992. Nuno Costa Santos apaixonou-se pelo jornalismo aos 18 anos, quando foi para Lisboa estudar Direito, e desde então tem colaborado com revistas, jornais, rádios e televisões.
“Espalhados os papéis, estamos à espera das vossas questões” – foi este o convite à participação feito pelos dois jornalistas para dar início às hostilidades, na conversa que decorreu no Diana-Bar da Póvoa de Varzim. A primeira pergunta abordou as semelhanças e diferenças do trabalho jornalístico entre a atualidade e o passado. Maria Flor Pedroso considerou que hoje se faz jornalismo de consumo rápido. “Quando começámos tínhamos uma liberdade de fazer e arriscar muito maior”, iniciou a jornalista.
Maria Flor Pedroso é da opinião que “a concorrência mudou imenso, o que não significa que haja mais qualidade”. A editora de política da Antena 1 acrescentou ainda que, nas redes sociais, a opinião é superficial, populista e pouco informada, já que as pessoas preferem falar nesses espaços sem rebate.
Já Nuno Costa Santos revelou o seu gosto pelo ciberjornalismo, um território novo que lhe agrada e que “não tem nada a ver com o papel”, de quando começou. Hoje em dia, como cronista, observa de fora a atualidade – um mundo “condicionado por pressões imensas vindas dos mercados, que são figuras maestras recentes” – e em tudo o que escreve, dá a sua opinião.
Maria Flor Pedroso conduz entrevistas semanais e confessou que estas são “mais interessantes quando as pessoas saem do poder”. Reconhece que gosta muito de política por ser uma área “onde as pessoas se disponibilizam a representar as outras, sacrificando a vida pessoal com uma dedicação independente das ideias”.
Na política, o jornalista deve ouvir discursos, antecipar temas de debate e prever assuntos de conflito. Nuno Costa Santos salientou que “é difícil ser-se independente convivendo diariamente com políticos”. Maria Flor Pedroso adiantou que “no jornalismo político é muito difícil passar as ideias com clareza” e que o jornalista é “constantemente pressionado pelo poder”. Neste jogo de interesses onde o objetivo é que o público perceba a mensagem, tem de haver uma negociação já que, segundo a repórter parlamentar, “cada um quer vender as suas propostas”.
Para terminar, alunos e convidados abordaram a situação das mulheres na política, que para Maria Flor Pedroso “é uma questão ligada ao facto de comunicar bem” e não ao género. Nuno Costa Santos concluiu: “É importante que sejam pessoas com recheio, devia haver mais mulheres e negros na política”.
Artigo editado por Sara Gerivaz