Portugal vai acolher mais 38 refugiados, entre segunda e quarta-feira, sendo 36 da Eritreia. Sete dos 38 refugiados estreiam o Centro de Acolhimento Temporário de Lisboa (CATR).

Para além da capital, o Centro e Norte do país também vão receber alguns destes refugiados em cidades como Alenquer, Amarante, Braga, Coimbra, Covilhã, Guimarães, Lourinhã, Mafra e Vila Viçosa.

Segundo os últimos dados divulgados pela Comissão Europeia, Portugal já alojou 30 dos 4.486 que se comprometeu a receber durante dois anos.

Os refugiados fugiram do seu país de origem com destino a Itália. Na segunda feira, 12 chegaram a Portugal e espera-se que os outros cheguem na terça e quarta-feira, às 18h20.

A ditadura da Eritreia

A Eritreia é um país situado na costa oriental africana, perto do Chifre de África, com o Mar Vermelho a separá-lo da Península Arábica. O país, que faz fronteira com o Sudão, a Etiópia e o Djibuti, não conhece o voto. Desde 1993, quando Isaias Afewerki ajudou o país a conquistar a independência, a Eritreia passou a viver num regime ditatorial.

Teresa Cierco, professora de Ciência Política na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, explica ao JPN que o país tem mais centros de detenção, do que lugares pacíficos. E muito embora muitos queiram fugir, poucos têm condições para o fazer. A deslocação tem custos elevados e os que se mantêm na Eritreia são obrigados a servir no Exército, sem previsão de término. Um eritreu pode entrar no serviço militar aos 16 anos e lá permanecer até aos 36, ou mais.

Se a decisão for de fuga, correm o risco de sofrer nas mão dos traficantes e de se sujeitarem à escravatura.

“Na Eritreia há uma constante violação de Direitos Humanos”

A Eritreia caracteriza-se pelo regime fortemente opressivo, liderado por Isaias Afewerki.

Sob este paradigma, estima-se que cerca de meio milhão de jovens eritreus já abandonaram o país – com uma população pouco superior a 6 milhões de habitantes – e atravessaram a fronteira com a Etiópia com destino à Europa.

Em declarações ao JPN, Teresa Cierco explica a realidade de um país onde 30% da população vive abaixo do nível da pobreza e o serviço militar sem fim motiva o abandono do país.

Teresa Cierco alerta ainda para a necessidade de uma cooperação mútua entre Portugal e os refugiados, para que o seu acolhimento e adaptação ao novo país seja mais fácil.

 

Artigo editado por Filipa Silva