No mundo do trabalho, a diferença entre homens e mulheres começa na taxa de atividade. Em Portugal, os dados da Pordata, relativos a 2014, revelam que as mulheres têm uma taxa de atividade 10,5 pontos percentuais inferior à dos homens.
Na taxa de desemprego, a desvantagem também é feminina. Em 2015, os números da Pordata apontavam uma diferença 0,5 p.p. desfavorável para as mulheres.
A taxa de desemprego feminina, no ano passado, ultrapassou a média total portuguesa, em 0,3 p.p. Estes números traduzem-se em 323,5 milhares de mulheres desempregadas.
A desigualdade entre géneros está, também, nos salários. Dados do Eurostat, relativos a 2014, indicam que a disparidade salarial portuguesa entre homens e mulheres é de 14,5%. Se um homem ganhar mil euros, uma mulher, nas mesmas condições, aufere menos 145 euros, ou seja, 855 euros.
Esta disparidade é igualmente visível nos dados da Pordata. Em 2013, um homem empregado nos quadros superiores auferia, em média, 2716 euros. O salário de uma mulher, nessas circunstâncias, não chegava aos 2 mil euros. Era, em média, 157,2 euros inferior.
É certo que as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer no que respeita a igualdade no mundo do trabalho. No entanto, se no Ocidente essa luta passa, sobretudo, pelos salários, outros países ainda não permitem que as mulheres trabalhem (ver infografia).
Dezoito países proíbem o trabalho feminino. Porém, em 155, são impostas leis que condicionam as oportunidades económicas das mulheres, segundo o estudo do Banco Mundial.
As mesmas qualificações, diferentes salários
Se as diferenças salariais são já uma evidência com vantagem para os homens, na formação superior ganham as mulheres.
Há 20 anos que a presença feminina nas universidades e politécnicos portugueses se tem mantido firme. Mais mulheres começaram a querer incluir um curso superior – para ter uma profissão, bem remunerada, fora de casa – no seu percurso de vida.
O ano de 1986 marcou a data da viragem. Nos bancos das faculdades, sentaram-se mais 2.681 mulheres do que no ano anterior e, pela primeira vez, houve mais caloiras do que caloiros – mais 1.232 – como revelam dados da Pordata.
Uma tendência que se mantém até hoje. Em 2015, estavam matriculadas, nas universidades e politécnicos portugueses, 187.335 mulheres, mais 25.012 do que homens, revelam os mesmos dados.
A privatização do ensino em Portugal, na década de 80, deu também um impulso para o aumento do número de mulheres nas universidades portuguesas.
A evidência, porém, é a de que, as mesmas qualificações não correspondem ao mesmo salário, entre homens e mulheres.
O estudo do Gabinete de Estratégia e Planeamento demonstra que quanto mais altas são as qualificações, mais elevada é, também, a diferença salarial. Nos quadros superiores, as mulheres ganham 72,6% da remuneração média dos homens. Isto significa que as mulheres auferem menos 651,65 euros do que os homens, tendo a mesma formação académica.