O Prémio Mulheres Inovadoras 2016, atribuído na passada quinta feira à professora e investigadora Susana Sargento, premiou o uso tecnologia de sensores espalhados pelos autocarros da STCP. O projeto permite a ligação Wi-Fi à Internet e monitoriza a temperatura, níveis de CO2 e lixo nos contentores. O palco deste projeto é, até agora, a cidade do Porto.

Uma portuguesa entre nove candidatas. Um projeto vencedor. Susana Sargento confessa ao JPN que se sentiu “contente” e “orgulhosa” por terem dado um voto de confiança a um projeto diferente, que de facto tem uma aplicação prática e potenciais aplicações futuras.

O trabalho da professora e da investigadora vai no sentido de construir uma rede de comunicação através de veículos. “Esta rede permite não só às pessoas terem acesso à Internet nos carros, mas também a tudo aquilo que se encontra numa cidade. Fala-se muito nas cidades inteligentes, na Internet das coisas, que está tudo interligado e aquilo que nós fazemos é utilizar estes sensores para criar uma rede sem necessitar de qualquer outra rede ou rede celular”, explica ao JPN.

Esta tecnologia permite a qualquer transeunte da cidade do Porto ter acesso à Internet na rua, partilhar a “selfie” que acabou de tirar ou um acontecimento importante que testemunhou. Isto porque em 2014, o projeto liderado por Susana Sargento tornou os autocarros da STCP em “hotspots”, que não só permitem a Internet móvel sem rede celular, mas também ajudar a monitorizar toda a cidade. Para isso foram equipados 600 autocarros.

Em declarações ao JPN a investigadora conta que o mais difícil foram as questões logísticas : “É claro que a parte tecnológica também envolveu muito trabalho e esforço, mas difícil foi arranjar frotas disponíveis a instalar a nossa tecnologia. Ainda há alguma resitência à mudança e mobilizar 600 veículos numa cidade só é complexo e significa também alguma confiança”.

Esta tecnologia está presente nos autocarros da cidade desde setembro de 2014. Além disso, o projeto de Susana Sargente não fica por aqui: “Temos também sensores de temperatura e de CO2 pela cidade, que enviam informação para um servidor sempre que um autocarro passa por eles. Além disso, temos também sensores em contentores do lixo enterrados três metros abaixo do nível do chão que indicam a quantidade de lixo, aquando da passagem de um autocarro ou camião de lixo. Quando um contentor enche, o camião do lixo mais próximo do local é acionado”.

Uma mulher entre homens

Atualmente, apenas 29% dos empreendedores portugueses são mulheres. Quando confrontada com este número, a professora tenta justifica-lo com o “medo de arriscar”. Contudo Susana Sargento afirma que esse este tipo de prémios é indicado para alterar esta realidade, mostrando a possíveis empreendedoras que se têm algo a mostrar, devem fazê-lo.

A vencedora indica nunca ter sentido diferença no facto de ser mulher. Susana adianta que estas são mais determinadas. “Geralmente as coisas funcionam bem quando temos homens e mulheres e até diferentes raças pois graças a isso temos ideias diferentes”, acrescenta ainda.

Quanto ao futuro, a investigadora pretende continuar a elevar a fasquia, pois “este prémio mostra que estas coisas são precisas e por isso talvez num patamar mais elevado”. Susana Sargento garante: “Vou continuar com este tipo de projetos”.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz