O anúncio foi feito na abertura da 11ª reunião ordinária do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, manifestou intenção de deixar a política ativa em 2018.  A reunião foi convocada por Eduardo dos Santos para organizar o congresso que vai decorrer no mês de agosto. A preparação das candidaturas às eleições gerais de 2017 estará na ordem de trabalhos.

José Eduardo dos Santos está na liderança de Angola há 36 anos, depois de substituir Agostinho Neto em 1979. Só no ano de 1991 passou a vigorar, em Angola, um sistema multipartidário.

O Presidente angolano já por outras vezes admitiu deixar a política, como aconteceu nos anos de 2001 e 2011, antes das eleições. Contudo, nunca chegou a deixar o poder. Em 2012, o líder do MPLA foi eleito, pela primeira vez, desde que chegou ao poder, nas eleições gerais, com 71,84% dos votos.

Está aberto o processo de sucessão na liderança do MPLA e de Angola. Com a economia angolana em queda devido ao decrescente preço do petróleo, tudo está em aberto e não há um futuro definido para a presidência do país.

José Eduardo dos Santos é o segundo chefe de Estado de Angola após a independência do país. É o segundo Presidente da República há mais tempo no cargo, em todo o planeta.

A sua chefia tem sido alvo de protestos e gera discussão há largos anos. São muitas as personalidades apontadas como possíveis sucessoras de José Eduardo dos Santos, presidente do partido MPLA. O JPN traça o perfil de quatro possíveis candidatos ao cargo de Presidente da República de Angola, que tem a duração de cinco anos.

Possíveis sucessores

Isaías Samakuva tem 69 anos e é o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) desde 2003, após a morte do fundador e líder histórico Jonas Savimbi.

O atual objetivo do partido é a vitória nas eleições gerais de Angola, em 2017. Para o líder da UNITA, a salvação dos angolanos passa pela mudança de regime. A reeleição no ano passado, com 82,8% dos votos (949 votos num total 1146), deu força à ambição de Samakuva de chegar à presidência de Angola.

Manuel Vicente, com 59 anos, é o ex-presidente da Sonangol, empresa pública de petróleo. Esteve no cargo de 1999 a 2012. Durante a presidência da empresa, foi convidado para o cargo de vice-presidente da Fundação Eduardo dos Santos. Mais tarde, em 2012, foi ministro de Estado para a Coordenação Económica, já extinto. Logo de seguida, passou a ser o número dois do MPLA, nas eleições legislativas de agosto de 2012. Em setembro, era também vice-presidente da República de Angola.

O “sr. Petróleo de Angola”, como é conhecido, é visto como o sucessor natural de José Eduardo dos Santos, mas é pública alguma desconfiança do MPLA face à falta de historial político de Manuel Vicente. A única ligação que tem à política, é o importante papel financeiro que a Sonangol possui em Angola. Porém, as preocupações não terminam aqui. O caso judicial que corre na justiça portuguesa, em que Vicente é indiciado por corrupção ativa em Portugal, não abona em seu favor.

José Filomeno Santos, um dos oito filhos de José Eduardo dos Santos, preside atualmente ao Fundo Soberano de Angola (FSA), de onde cerca de 5 mil milhões de dólares são provenientes da exportação petrolífera.

Fruto da relação do Presidente de Angola com Maria Luísa Perdigão Abrantes, sua segunda mulher, José é licenciado em Finanças pela Universidade de Westminster (WU) e sempre foi visto como futuro sucessor do pai na presidência. Contudo, já afirmou que não tem pretensão de governar.

Em 2008, criou o primeiro banco de investimentos de angola, o Kwanza Invest. Agora, com 38 anos, é uma das personalidades apontadas para governar o país.

Marcolino Moco, 63 anos, foi primeiro-ministro de Angola, até ser dispensado por José Eduardo dos Santos, em 1996. O cargo foi extinto. É licenciado em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade Agostinho Neto (UAN). A Universidade Clássica de Lisboa (UCL) foi a eleita para o doutoramento em Ciências Jurídico-Políticas. Marcolina Moco fez, também, parte do MPLA.

O ex-secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não acredita que José Eduardo dos Santos deixe o poder em 2018, como avançou o DN. Acérrimo defensor da saída do Presidente, Marcolino Moco, pode, agora, voltar à vida política ativa, após algum isolamento devido aos estudos académicos.

 

Artigo editado por Filipa Silva