“Grandes ideias merecem mais” é o mote da edição de 2016 do Prémio Inovação NOS, apresentado esta quinta-feira, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto. A iniciativa visa premiar 30 empresas ou instituições que tenham boas ideias e soluções inovadoras, com potencial no mercado e na economia nacional.

Na sessão de apresentação, o presidente da Câmara, Rui Moreira, deixou claro que o Porto “é uma cidade empreendedora por excelência” e que a “inovação tem um papel crucial, pois só trabalhando dentro de um espírito inovador seremos capazes de procurar soluções que são transformadoras e capazes de gerar valor”, afirmou.

O autarca destacou a produção tecnológica e económica da cidade, em que a “inovação resulta do equilíbrio de forças entre criatividade e realidade”. Neste ponto, destacou os mais de cem centros de investigação e as parcerias destes com instituições internacionais como o MIT ou Harvard, e com o Instituto Fraunhofer-Gesellschaft, o maior instituto europeu de investigação aplicada, cuja única filial se situa no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

O autarca reiterou a importância das universidades da cidade, públicas e privadas, no desenvolvimento tecnológico, que faz com que estejam “entre as 100 melhores, em cinco dos mais importantes rankings mundiais”.

Rui Moreira adiantou ainda que muitos desses projetos empreendedores contam com o apoio da cidade, nomeadamente em “centenas de ‘startups’” localizadas nas vinte incubadoras do Porto, mas também nos “numerosos espaços de “coworking” que não param de surgir”.

O exemplo UPTEC

Segundo o presidente da Câmara, desde a sua criação, em 2007, o UPTEC  já apoiou o desenvolvimento de mais de 370 projetos empresariais, 167 dos quais estão já aprovados e que incluem 31 centros de inovação.

Estes números, apurados pela Faculdade de Economia do Porto, permitiram a criação de 1.800 postos de trabalho “altamente qualificados”, sublinha o autarca. Gerou ainda um impacto no PIB de “mais de 30 milhões de euros“, nos primeiros cinco anos do projeto, e que podem ter um impacto atual a rondar os “70 milhões“.

As receitas fiscais geraram mais de seis milhões de euros e exportações para mais de 12o países, refere o autarca.

 A estratégia da Câmara

“Na Câmara Municipal do Porto temos presente um paradigma mais sustentado do desenvolvimento das empresas. Queremos que estas ‘startups’ escalem e se transformem em empresas internacionalmente competitivas”, desafiou Rui Moreira.  Para isso, foi já criado o “ScaleUp Porto“, uma estratégia de promoção do crescimento das ‘startups’.

A internacionalização é outro dos pontos da estratégia do município, que estabeleceu já uma rede de cidades para ‘scaleup’, e que inclui Manchester, Eindhoven e Helsínquia, porque “partilham a mesma visão e estratégia”, explicou o autarca.

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira sublinhou a importância de “as instituições privadas, as grandes empresas, mas também os municípios se envolverem para dar garantias [às novas empresas]”. “Nós temos muita expetativa do que está a acontecer na cidade, estão a surgir muitos instrumentos novos de desenvolvimento” salientou o presidente da Câmara do Porto.

O edil portuense destacou ainda a necessidade de o Porto se “afirmar tecnologicamente”. Para isso, Rui Moreira acredita que é essencial o reconhecimento  e promoção “do que é bom”, num “caminho que tem sido trilhado por muita gente, por muitas empresas novas, por muitas ‘startups’, mas também por ‘scaleups'”. Alertou ainda para o facto das empresas inovadoras terem “taxas de mortalidade infantil muito elevadas” e, portanto, precisarem “de ajuda e de reconhecimento”, para que as boas ideias não se percam.

Política de inovação é central na economia

Na abertura da conferência, o ministro da Economia destacou que “a política de inovação é central num sistema de economia”. “Orgulho-me de fazer parte de um Governo que coloca a ciência como prioridade absoluta”, afirmou Manuel Caldeira Cabral. Adiantou ainda que estão a ser trabalhados “incentivos fiscais para que as empresas que estão a começar possam ter melhores condições e possam prosperar”. “Acreditamos que vão ser uma fonte importante de criação de emprego e de valor em Portugal”, reiterou o ministro da Economia.

Para o ministro da Economia, o projeto da Startup Portugal é resultado da convicção de que as “’startups’ podem ser uma fonte importante de criação de emprego”. O Governo está a trabalhar com “’startups’, incubadoras e outros casos de referência na proliferação de instituições”, num “programa ambicioso que tem como objetivo criar uma rede de empreendedorismo e, particularmente, de empreendedorismo tecnológico”, avançou Caldeira Cabral.

Caldeira Cabral considera “a realização de eventos como a ‘Web Summit‘”, o apoio público aos centros tecnológicos e a aproximação destes com investigadores das universidades, passos importantes para ” desenvolver as tecnologias que vão dominar amanhã, para que as empresas portuguesas não estejam dois passos atrás dos seus concorrentes”.

A Indústria 4.0 foi outro dos pontos de interesse do discurso do ministro, que salientou a “estratégia transversal” que “tem de ser seguida a todos os níveis para a digitalização da indústria”. Uma estratégia que permite “desenhar produtos customizados, mais próximos do cliente, o que é uma ótima oportunidade para empresas de nicho, para empresas mais pequenas e mais flexíveis”, esclareceu Caldeira Cabral.

O ministro da Economia lançou ainda o desafio às empresas portuguesas para aproveitarem a nova revolução industrial, e aliarem a tradição “sem desconfiar da inovação”, para conseguirem ser “mais produtivas, criarem mais valor e serem mais competitivas”. O relacionamento das pequenas empresas, com médias e grandes, pode dar origem a um processo em que ambas podem “ter muito a ganhar”.

A iniciativa incluiu ainda um debate em que se discutiu “O Papel da Inovação na Nova Revolução Industrial” e que contou com as intervenções de Carlos Melo Ribeiro, CEO da Siemens Portugal, de Filipe Araújo, vereador da Câmara do Porto com o Pelouro de Inovação e Ambiente e de Miguel Fontes, Diretor Geral da Startup Lisboa, moderadas por David Dinis, Diretor da TSF.

As candidaturas à 2ª edição do Prémio Inovação NOS, em parceria com o Dinheiro Vivo e a TSF, que visa distinguir a inovação em empresas nacionais, abrem esta sexta-feira e decorrem até 31 de julho.

Artigo editado Filipa Silva