“Não desistas!” é o lema escolhido pelo Movimento Associativo Nacional para marcar o Dia Nacional do Estudante, assinalado a 24 de março. As associações académicas do Ensino Superior escolheram esta data para dar início a uma campanha contra a prática do abandono escolar.
As celebrações já começaram e estão divididas em três fases. O primeiro momento arrancou na segunda-feira, com a abertura da campanha na Universidade de Évora (UE). Para entrar em contacto com os estudantes em risco de abandonar o Ensino Superior ou mesmo com os que já o tenham feito, as associações académicas criaram um e-mail, que facilite a interação.
Daniel Freitas, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), explica ao JPN que o grande problema é o abandono no Ensino Superior tratar-se de um processo rápido e silencioso: “O estudante simplesmente deixa de aparecer nas instituições e tem sempre alguma vergonha de denunciar a sua própria situação. É por isso que muitos dos casos que nos chegam são ‘o amigo do amigo’ ou ’o amigo que estava e que afinal já não está’”.
O dirigente associativo acrescenta que ainda é muito complicado ganhar a confiança dos estudantes para que as instituições possam intervir nestas situações.
O segundo momento da celebração é dedicado à apresentação do documento “Combate ao abandono escolar – Guia de boas práticas no Ensino Superior” à secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior. A reunião do Movimento Associativo com Fernanda Rollo vai acontecer no Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, na quinta-feira.
Daniel Freitas conta que o guia denuncia a falta de dados concretos e fidedignos na matéria do abandono escolar. “Hoje o fenómeno é complicado de estudar e, de facto, não tem havido a intenção por parte das instituições e do Governo de estudar o fenómeno”, indica.
“Continua por cumprir a resolução da Assembleia da República 60/2013, aprovada em 28 de março de 2013, que recomenda ao Governo que apresente na Assembleia da República um relatório sobre abandono escolar no Ensino Superior”, pode ler-se numa nota de imprensa enviada pela FAP. Daniel Freitas lembra que a resolução foi, na altura, aprovada em unanimidade por todos os deputados. No entanto, nunca foi cumprida.
Mas o guia não se limita apenas à denúncia. No documento é indicado um conjunto de motivos pelos quais acontece o abandono escolar. O objetivo é identificar as causas do fenómeno e criar respostas para uma série de situações que o denunciam.
“O guia pretende trazer à mesa boas práticas que permitam, às vezes até sem custos acrescidos, combater o fenómeno do abandono escolar. São coisas como identificar de forma precoce e perceber quem são os estudantes que, por exemplo, estão com o pagamento de propinas atrasado, que estudantes no final de um primeiro semestre não realizaram pelo menos 50% dos créditos a que se propuseram a realizar”, esclarece Daniel Freitas.
O último momento de celebração acontece no dia 29 de março, junto da comunidade estudantil. Neste dia o Movimento Associativo Nacional vai apresentar iniciativas e reportar casos passados de abandono escolar no seio de cada instituição do Ensino Superior. O presidente da FAP afirma que as associações não querem trabalhar no problema depois de ele acontecer mas sim trabalhá-lo preventivamente.
Artigo editado por Sara Gerivaz