Entre a estação de São Bento e a Praça da Ribeira, sob as ruas de Mouzinho da Silveira e de São João, fica o rio da Vila. Ao longo de 350 metros, é possível encontrar no Porto vestígios da época romana. Quatro metros abaixo do passeio, num túnel com dois metros e meio de largura e três de altura, ouve-se o som do rio a correr.

O silêncio contrasta com a agitação com que a cidade habitualmente se depara. O caminho faz-se com muito cuidado. A água flui tranquilamente enquanto a luz se vai dissipando, mas a beleza do espaço não desaparece. As paredes em granito estendem-se no túnel, e os tetos abobadados permitem uma circulação segura.

É neste espaço que vai ser criado o museu do rio da Vila. “Este projeto nasce da extensão de uma vontade que tivemos em identificar os nossos ativos e, depois, consoante o seu potencial, valorizá-los e devolvê-los à cidade”, conta Frederico Fernandes, administrador da Águas do Porto. “Temos uma série de canais que atravessam a cidade, em mais de 66 quilómetros de canais. Percebemos que constituem um ativo importantíssimo das Águas do Porto, mas também da cidade”, acrescenta.

O Porto tem história. E o rio da Vila é tão antigo quanto a Invicta. Foi com essa ideia que a empresa decidiu avançar para a sua musealização. “Este canal está intimamente ligado à cidade. O rio da Vila, desde a Idade Média, acaba por ser um ponto estrutural e que acompanhou a evolução da cidade”, indica Frederico Fernandes. Para preservar a história, é desenvolvido um trabalho conjunto entre engenheiros, arquitetos e arqueólogos, para ajudar a contar a história do rio e da cidade que à volta dele se ergueu.

É um projeto diferente

“A cidade já tem muitos museus de referência, e poderá ser um museu diferente, não só na cidade, mas também em relação ao que vemos lá fora”, defende Frederico Fernandes.

A história e o classicismo não impedem a inovação. O projeto do museu prevê um percurso com vários pontos de paragem. Com recurso a telemóveis e “tablets”, vão ser mostradas informações sobre a cidade e sobre o rio. No entanto, ainda há questões a estudar, como a ventilação e a segurança necessária. “A ideia é que possam criar aqui um passadiço, idealmente o menos opaco possível, e que tenha vários pontos de paragem”, informa o presidente.

A conclusão do projeto está prevista para o primeiro semestre de 2018. Orientado não apenas para os portuenses: “Diria que é para todos. Para quem é do Porto e quer conhecer a história da cidade e a evolução que a mesma teve, mas também para quem nos visita. Acredito que o museu, nesta zona em particular, terá muita procura pela parte dos turistas”, conta o administrador da Águas do Porto ao JPN.

Tudo dependerá das soluções apresentadas pelas propostas que vão ser avaliadas pela Águas do Porto. Quando a altura chegar, é só seguir a corrente.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz