No ano de 1971, Bill Bowerman e a esposa tomavam o pequeno-almoço. Num ritual quotidiano de milhões de pessoas, o co-fundador da Nike teve a ideia de colocar borracha na torradeira de “waffles” e assim nasceram as ranhuras nas solas das sapatilhas que as tornavam mais aderentes à pista. Esta era a tecnologia do momento. Quarenta e cinco anos depois as ranhuras continuaram nas solas dos ténis Nike, as “waffles” continuam a fazer parte do pequeno-almoço, mas a tecnologia sofreu uma enorme evolução.

De volta ao futuro

Já não vai ser preciso assistir a “Regresso ao Futuro II” para ver atacadores automáticos nas sapatilhas. A Nike vai vender um modelo semelhante ao que Michal J.Fox calça no filme. As novas “HyperAdapt 1.0” são compostas por um sistema automático para apertar cordões. De acordo com a marca, quando o calcanhar tocar num sensor as sapatilhas são apertadas automaticamente. Além disso, as “HyperAdapt 1.0” têm dois botões que vão permitir apertar os ténis ao gosto da pessoa que os calça. Com este sistema, os atacadores não desapertam sozinhos, um problema frequente neste tipo de calçado.

O modelo revolucionário da Nike não estará disponível para todos. Apenas os utilizadores registados da aplicação Nike+ vão ter acesso às “HyperAdapt 1.0”. O modelo vai estar à venda em três cores. O preço ainda não foi divulgado pela marca.

Mas a evolução tecnológica não fica pelos atacadores. A Google desenvolveu um dispositivo, para sapatilhas, que incentiva o utilizador a fazer exercício. Apesar de não estar disponível para comercializar, a marca adianta que a invenção foi feita para mostrar que pode haver uma ligação entre objetos de uso diário e a Internet.

O dispositivo da “Google” foi apresentado numas sapatilhas “Adidas” que contêm um acelerómetro que permite saber quantas vezes o pé bate no chão, por exemplo. Além disso, o dispositivo é constituído por um giroscópio, um sistema de alta voz que possibilita às sapatilhas “falar” e incentivar à prática de desporto. As sapatilhas têm ligação “bluetooth” e sensores nas solas.

Do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) chegaram as sapatilhas “BioSole”. Estes ténis “reconhecem” o seu dono. Através de um “chip” colocado na sola das sapatilhas é possível saber o padrão do caminhar do utilizador com apenas três passos. Este avanço da biometria permitiria reconhecer, por exemplo, em questões de segurança, um estranho num determinado lugar.

Além disso, estas sapatilhas estão a ser testadas como um aliado na área da saúde pois os sensores através do movimento podem ajudar a diagnosticar algumas doenças como Alzheimer e Parkinson, através da alteração do modo de caminhar.

O passado que perdura

Apesar da evolução tecnológica, são vários os exemplos de inovações que, já com alguns anos, perduram até aos dias de hoje.

Exemplo disso são as “Converse All Stars” criadas em 1917. Apesar de serem notórias as diferenças nas sapatilhas da marca hoje para o que eram há 99 anos, o desenho específico e que caracteriza a marca era o mesmo. A forma das “All Stars” foi desenhada especificamente, pela primeira vez, para o basquetebol.

A Nike lançou a tecnologia “Flyknit” que permite que as sapatilhas sejam leves e flexíveis. Os ténis são feitos com fibras específicas e, em consequência, pesam cerca de 160 gramas. Esta tecnologia possibilita ainda um ajuste através de compressão que coloca o pé do utilizador no lugar. Esta foi uma inovação biomecânica que continua a ser utilizada pela marca.

A Puma, por sua vez, reaviva a tecnologia “Ignite Disc”. A marca vai lançar este ano sapatilhas que não têm atacadores e são por isso mas fáceis de apertar. Esta particularidade dos ténis Puma não é recente. A tecnologia “Ignite Disc” foi lançada pela marca em 1991.

 

Artigo editado por Filipa Silva