O FBI conseguiu desbloquear o iPhone de Syed Farook, um dos autores dos disparos – o outro era a sua mulher – que provocaram a morte a 14 pessoas em San Bernardino, na Califórnia, em dezembro do ano passado. Com o acesso ao telemóvel pelo FBI, o governo americano abandonou o processo no qual pedia a ajuda da Apple para desbloquear o aparelho.

O processo, iniciado a 16 de fevereiro, visava obrigar a Apple a desenvolver uma versão especial do sistema operativo iOS, que permitisse ao FBI descobrir o código de acesso ao telemóvel sem que este perdesse a informação armazenada.

A empresa recusou o pedido do FBI para desbloquear o aparelho alegando que a abertura de uma exceção poderia pôr em causa a privacidade dos seus clientes.

A técnica usada pelo FBI para aceder ao telemóvel ainda não foi revelada. O diário israelita “Yedioth Aharonot” avança que a policia federal terá tido a ajuda da empresa Cellebrite, também ela israelita.

O ataque a San Bernardino

A 2 de dezembro de 2015, dois indivíduos armados entraram no Inland Regional Center, em San Bernardino, na Califórnia. O tiroteio, levado a cabo por Syed Farook e a sua mulher, Tashfeen Malik, matou 14 pessoas e fez 17 feridos.

O casal foi morto pela polícia após o massacre.

Além do iPhone, o Telegram é outra aplicação que dificulta o acesso a dados pela policia. A aplicação, bastante utilizada pelo autoproclamado Estado Islâmico, permite criar um canal de informações e distribuí-las para um número ilimitado de seguidores, de uma forma mais rápida e segura.

Se, por um lado, muitos destes dispositivos são criados para fins benignos – proteção dos dados e da privacidade do utilizador -, por outro, o avanço tecnológico pode tornar-se negativo.

Luís Antunes, professor e responsável pelo Centro de Competências para a Cibersegurança da Universidade do Porto (C3P), defende que não se deve colocar em causa a tecnologia: “As armas também são utilizadas pelo Estado Islâmico e não as pomos em causa”.

“Se este tipo de tecnologia é boa para os bandidos, eu quero usá-la. Porque se eles conseguem comunicar de forma segura, eu, em algumas alturas da minha vida, também o quero fazer”, remata.

 

Artigo editado por Filipa Silva