Nove estreias, 11 coproduções e 17 espetáculos. Este é o cenário da programação do Teatro Nacional São João (TNSJ) dos próximos quatro meses. A reconhecida casa de espetáculo da cidade apresentou esta quinta-feira o plano dos meses de abril até julho.

A primeira estreia acontece já no próximo mês, dia 7 de abril, com “O Misantropo”, uma encenação “alternativa” de Nuno Cardoso ao texto de Molière. A peça está em cena até 24 de abril e apresenta uma reflexão sobre o teatro e uma sátira aos costumes sociais. Durante a apresentação, o encenador indicou que o objetivo é obter o “maior número de receitas possível”.

Nuno Cardoso convidou a plateia a uma segunda vinda ao teatro para ver o espetáculo, uma vez que se trata de uma “peça bifrontal” – vista de duas maneiras. Além disso, anunciou também “Subterrâneo”, que vai passar pelo TNSJ entre 14 e 23 de abril, com encenação de Luís Araújo.

A Despedida” é outra das estreias de abril, de 8 a 17, desta vez no Teatro Carlos Alberto (TeCA), com encenação de Marta Freitas. Com imagem a preto e branco, os temas envolvem o teatro com o cinema e a morte, o luto e a melancolia. Marta Freitas procura o suspense e o reviver da infância e das memórias, sempre com uma visão cinematográfica.

O Mosteiro de S. Bento da Vitória (MSBV) recebe de 11 a 23 de abril o espetáculo infantil, “Peregrinação”, de Marcelo Lafontana, que voltou aos palcos pela segunda vez, desde 2014. Também no mosteiro é inaugurado, a 30 de abril, um dos grandes destaques da programação: a mostra “Noites Brancas”, da equipa técnica do TNSJ. A exposição apresenta memórias dos espetáculos mais emblemáticos do TNSJ e pode ser vista durante as visitas guiadas ao MSBV, de segunda a sexta-feira, entre as 12h00 e as 13h00, por três euros.

Entre 5 e 15 de maio, Joana Carveiro põe em cena o interior de casas e os seus objetos, explorando as pessoas, as suas coleções, os seus fetiches e despojamentos. “Espólios” é inspirado no estudo de Daniel Miller, “As coisas fazem-nos, tanto quanto nós fazemos as coisas”. O objetivo vai ser apresentar o projeto em casas particulares.

No Teatro Nacional São João, “Espectros” estreia a 12 de maio e está em cena até dia 29 do mesmo mês, com a companhia de teatro Seiva Trupe. Os ensaios da peça sobre o “amor livre” e o incesto ainda estão no início.

Júlio Cardoso, da companhia Seiva Trupe, afirmou que, apesar da companhia ser considerada “histórica a nível nacional”, havia alguma timidez da parte da Seiva Trupe em criar uma ligação com o TNSJ. Só agora ganhou “coragem” para apresentar este espetáculo no São João, que já “estava em carteira há muito tempo”.

A libertação da clausura através da imaginação e da morte é o tema d’ “As Criadas”, de Jean Genet, trazida por Simão Do Vale ao TeCA, de 13 a 22 de maio.

Hotel Louisiana Quarto 58”, um monólogo que trata do colonialismo, teatro, literatura e a liberdade de pensamento, está “ainda em fabricação”. A estreia acontece a 26 de maio, pelas mãos de João Samões, no Teatro Carlos Alberto e permanece até dia 29 do mesmo mês.

Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica de volta

O Teatro Nacional São João recebe, uma vez mais, o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI). “Nunca Mates o Mandarim” está inserida no FITEI e estreia-se a 9 de junho com projeção até 19 de junho. O espetáculo tem encenação de Gonçalo Amorim, que acredita que “o Porto virou uma marca”, mas que isso não corresponde à cidade. Gonçalo Amorim defendeu a ideia que toda a gente, desde produtores a atores é necessária para a realização de uma peça e referiu ainda que a cenografia vai saindo dos palcos devido a questões económicas.

Também durante este festival, o TeCA recebe a estreia de “Mundo Persistente”, encenado por Tito Asorey. A peça materializa a segunda edição do Projeto NÓS – Território (es)cénico Portugal Galicia, em cena desde 8 a 12 de junho.

A última estreia da programação do último quadrimestre deste ano no TNSJ acontece entre 30 de junho e 17 de julho, com encenação de Rogério de Carvalho. “Rei Lear” tem um enredo “shakespeariano” de ambições, traições, cegueira e hipocrisia, em confronto com ações ligadas à verdade, honra e fidelidade.

Para este ano, Nuno Carinhas, diretor artístico do Teatro Nacional São João, prevê que a tendência de crescimento de público vai manter-se, até porque “faz parte do movimento da própria cidade”. O diretor artístico afirmou ainda que “o teatro tem raízes muito fortes no Porto” e a sua frequência é um “ato natural”.

Inscrições abertas para grafitar o TeCA começam a 1 de abril

A partir da próxima sexta-feira estão abertas as candidaturas para envio das propostas para uma intervenção artística que o TNSJ pretende realizar na fachada do TeCA, em colaboração com a Porto Lazer.

Os projetos podem ser enviados até 31 de maio e o trabalho vencedor é contemplado com três mil euros e mais 700 euros suplementares para ajudas de custo à produção. A intervenção é realizada entre 20 de agosto e 15 de setembro, com o objetivo de valorizar a fachada do teatro e divulgar a criação artística.

Artigo editado por Sara Gerivaz