Uma forma de detetar uma mentira é utilizar o teste do polígrafo. O teste, que já existe desde 1921, baseia-se numa série de questões sobre o tema que se quer esclarecer e na avaliação das reações corporais (fisiológicas), devidas ao sistema nervoso, características de quem sabe que não está a dizer a verdade. Algumas dessas reações são a respiração, o suor e a pressão arterial.

O teste passa por várias fases: recolha da informação básica da pessoa que se sujeita ao teste, entrevista prévia à recolha de informação fisiológica, recolha da informação do polígrafo (das reações), análise da informação obtida e relatório escrito com a informação e opinião do psicofisiólogo forense, que pode demorar entre 24 a 28 horas a ser divulgado.

Empresas, particulares e profissionais de justiça são os utilizadores deste teste. De acordo com Amável Sanches, técnico do polígrafo e único profissional português certificado e acreditado pela Associação Americana de Poligrafistas da Polícia, os casos mais frequentes em Portugal são os particulares, relacionados com alguma relação, em casos de suspeita de (in)fidelidade ou furtos.

Durante cerca de duas horas, qualquer pessoa maior de idade que, de forma voluntária, mostre vontade de fazer o teste, pode realizá-lo. A técnica e o tipo de teste varia de acordo com o tema que se quer comprovar. A partir daqui a fiabilidade também é variável e “há sempre uma margem de erro”, explica o especialista. O polígrafo “é um instrumento médico”, mas “se o teste for bem feito, a fiabilidade é de 90%”.

A utilização deste instrumento em tribunal é algo que depende de cada juiz e do caso que está a ser tratado. “Depende se estamos a trabalhar para a acusação, para a defesa e de como é que o juiz nesse momento pode observar e avaliar o teste do polígrafo”, explica Amável ao JPN. Se as partes em questão derem “conta das vantagens que podem ter a utilizar o teste do polígrafo, com toda a certeza vai ser mais utilizado”.

Detetar a mitomania (transtorno obsessivo-compulsivo em mentir) não é possível através do uso do teste do polígrafo. Amável Sanches afirma que a máquina apenas avalia “factos, coisas que realmente se passaram” e não “histórias criadas pela mente de uma pessoa”, que são dificilmente comprováveis, como fazem os mitómanos.

O também instrutor de psicofisiologia forense conta que o teste do polígrafo não é muito utilizado, é feito em média por duas a três pessoas por mês. O preço varia entre os 250 e os 500 euros, de acordo com o tipo de teste, assunto a comprovar e local onde se faz o teste.

Artigo editado por Filipa Silva