A tradição da Garraiada da Queima das Fitas, em Coimbra, vai manter-se. No entanto, com algumas modificações: aprovado pelo Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra (UC), esta quinta-feira, o evento abre as portas a um novo espetáculo tauromáquico que pretende satisfazer até os opositores da atividade.

Ao JPN, João Luís Jesus, “Dux Veteranorum” da UC, indicou que apenas um dos três momentos que formam a Garraiada de Coimbra foi alterado: “Dos três momentos, foi anulada a ‘novilhada popular’, ou seja, deixa de haver toda a estrutura de bandarilheiros, de lide a cavalo e de pega do animal”.

A tradição conta que a Garraiada de Coimbra começa com um desfile dos fitados de todas as faculdades pela arena, seguido pela “novilhada” e culminando na “garraiada propriamente dita”. Em substituição da “novilhada”, “a opção será fazer um espetáculo de variedades acrobáticas, algo que já existe em Espanha, com momentos cómicos, mas é um espetáculo em que há um touro na arena e profissionais fazem umas brincadeiras”, explica João Luís Jesus.

“O objetivo é manter um ambiente ligado à tauromaquia, mas acabar com a parte mais violenta para o animal e preservar a sua integridade física, sem perder a ligação à atividade que já tem séculos de história em Coimbra”, afirma o Dux.

A participação do público e, sobretudo a “consciencialização da sociedade e da comunidade académica em si relativamente à questão dos direitos dos animais” foram as duas razões apontadas por João Luís Jesus para as alterações feitas à atividade da Queima das Fitas.

A proposta de alteração foi feita ao Conselho de Veteranos pela Comissão Organizadora da Queima das Fitas de Coimbra. “Já há um ano que andamos a analisar a questão e decidiu-se que havia as condições para fazer uma evolução na estrutura da Garraiada de modo a salvaguardar também a integridade dos animais”, informa João Luís Jesus.

A contestação, em Coimbra, “não chegou ao ponto de resultar numa petição” como no Porto, mas o Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra acredita que sempre houve opositores “ativos”: “Sempre tivemos consciência que há contestação, mas também temos que respeitar as pessoas que gostam do espetáculo tauromáquico”, conclui João Luís Jesus.

A Garraiada, na Queima das Fitas do Porto, foi este ano suspensa por decisão do Conselho de Veteranos, comunicada em março à academia.

 

Artigo editado por Filipa Silva