O projeto “AFINA-te” quer pôr os jovens a mexer. Consciente do sedentarismo e dos hábitos menos saudáveis dos jovens, José Carlos Ribeiro, responsável pela investigação, cruzou os “comportamentos de atividade física e de exercício dos jovens e os conhecimentos e as práticas alimentares”, para avaliar se estas variáveis se relacionam entre si.

O projeto envolveu escolas desde o distrito do Porto até Bragança e avalisou entre 1.000 a 1.500 crianças. Em conversa com o JPN, José Carlos Ribeiro explicou que este programa de intervenção para crianças e adolescentes em contexto escolar pretende “avaliar alguns comportamentos de saúde, particularmente o conhecimento o sobre práticas alimentares e sobre a atividade física”.

O “Programa de Intervenção em crianças e adolescentes para promoção da Aptidão Física, Atividade Física e Conhecimentos Alimentares” (AFINA-te) foi criado por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

O processo

O processo parte da avaliação dos conhecimentos e das práticas alimentares dos estudantes, através de questionários, e da medição dos níveis de atividade física.

Depois da fase de avaliação inicial, “os jovens vão ser intervencionados”, indica José Carlos Ribeiro. Para tal, foi criado um “website” personalizado para cada um dos jovens, com toda a informação sobre a altura, peso, percentagem de massa gorda, avaliações à aptidão física e aos conhecimentos alimentares.

Numa terceira fase, os alunos vão ser reavaliados relativamente a todas as variáveis que foram apuradas no primeiro momento, de modo a compreender se, de facto, houve alterações.

“Durante a intervenção, queremos dotar os jovens de conhecimentos e de competências que lhes permitam fazer as melhores escolhas quer em termos alimentares, quer em termos de prática da atividade física”, salienta José Carlos Ribeiro.

O “website”

A utilização de um “website” no projeto surgiu de uma “leitura cuidada” do que tem sido a ser investigado nesta área. “Para alterar os comportamentos, é necessário adaptarmo-nos às novas tecnologias”, aponta o docente. José Carlos Ribeiro esclarece que” muitos dos estudos publicados referem que uma grande parte jovens têm, atualmente, acesso ao telemóveis, à Internet, aos ‘SMS’, ao Facebook”.

“Tentamos desta forma adaptarmo-nos e aproximarmo-nos às crianças e aos jovens daquilo que é o seu uso quotidiano”, acrescenta o investigador. Neste sentido, a plataforma “online” tem um conjunto de módulos com um contador de 60 minutos, que permite aferir quanto tempo o aluno passou nas diferentes páginas.

O “website” está ainda numa fase experimental, exclusivamente dedicado aos jovens envolvidos no “AFINA-te”, mas a “perspetiva é a de que o ‘site’ possa ficar disponível para todos”, conta o responsável do projeto.

Nesta fase, o programa está a ser “reiniciado numa escola de Felgueiras, com algumas alterações ao projeto inicial”, que passam por fazer mensalmente reuniões com os encarregados de educação.

Para o futuro, José Carlos Ribeiro adianta que o objetivo é “rentabilizar ao máximo o que foi alcançado até aqui: a elaboração do ‘website’, de toda a estrutura montada, todos os instrumentos que foram construídos, desde os questionários, a outros necessários para a avaliação destes jovens”.

O investigador revela ainda que a equipa de investigação está a tentar um novo financiamento do programa, para “avançar mais em termos de investigação, poder contratar pessoas que possam dar apoio ao projeto e sustentar as suas necessidades de interação entre os investigadores e os jovens”.

O “AFINA-te” contou com a participação de quase dez investigadores, entre os principais e bolseiros de investigação, membros do CIAFEL, do diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), Pedro Moreira, e de Vera Ferro-Lebres, da área de dietética, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), para além do técnico de informática e programação para fazer a gestão do site.

O “AFINA-TE”  foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), num valor perto dos 128 mil euros.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz